quinta-feira, 13 de junho de 2013

Novas revoltas ou revoltas novas?



Por Adelson Vidal Alves
 
Parece ter chegado ao Brasil, o impulso revoltoso que rondou (e ainda ronda) a Europa, o mundo árabe e até mesmo países da América Latina. Falo das manifestações contra o aumento das passagens no transporte urbano, principalmente nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Ainda que seja difícil determinar o espírito que despertou a dinâmica de uma letargia longínqua que envolvia toda a sociedade brasileira, podemos notar algumas características inovadoras em tais revoltas. As palavras de uma dos membros do MPL (Movimento Passe Livre), segundo o qual os protestos não aceitariam lideranças, mostra o caráter descentralizado do movimento. Assim como na Grécia, Espanha, Turquia e Chile, foram as redes sociais as principais mobilizadoras.

Os partidos políticos, outrora vanguardas, estão ausentes ou subordinados ás manifestações, que se por um lado mostra força, por outro peca pela falta de direção. A indignação que levou tanta gente a rua mira os governos, o sistema, e as empresas de transporte. Podem até conseguir vitórias parciais, mas se mostram incapazes de avançar para projetos alternativos de sociedade.

A principal razão para as limitações dos protestos, está exatamente na ausência de instrumentos universalidores e que possam dar consciência ao movimento, de modo que este avance para projetos mais abrangentes. Não consigo visualizar outra ferramenta coletiva senão os partidos políticos, mas o que fazer quando a degeneração atinge o coração da maioria destes, e tira deles qualquer confiança junto as massas?

Pergunta difícil, mas que devemos apressar a responder. As massas estão se lançando as ruas, e o formato de suas lutas ainda não está definitivamente decifrado. O próprio excesso de violência, empregado por parte dos manifestantes, é fruto da ausência de uma organização diretiva, e serve como munição a direita e sua mídia, que tentam frear a fúria social jogando a opinião pública contra o movimento.

Os 20 centavos que recolocaram a juventude nas ruas, pode até ser reposto no preço das passagens, a fim de acalmar a inesperada reação popular. Contudo, o sistema e suas atrocidade permanecerão intactos, fazendo concessões para manter as estruturas. Qual caminho a esquerda contemporânea deve seguir para fazer da crise capitalista um elemento para a emergência de um mundo novo? Tal pergunta este artigo ainda não consegue responder. Vamos debater?

Nenhum comentário:

Postar um comentário