quarta-feira, 24 de setembro de 2014

O erro de Aécio

Por Adelson Vidal Alves


Quando favorito no campo oposicionista, Aécio fazia apelo à união das oposições contra o PT. Bastou Marina entrar nas eleições para tudo mudar. O ex-governador de Minas Gerais se curvou a seu próprio personalismo, liderando uma campanha caluniosa que iguala Marina, e tudo que ela representa, ao PT.

Erra, pois tudo indica que a ex-senadora será a candidata das oposições no segundo turno, e que é ela a melhor candidata para derrotar Dilma. A contribuição de Aécio neste primeiro turno tem sido o de distanciar pontos convergentes das oposições, de promover desgastes e quebrar laços de alianças que deveriam ficar sólidos para um histórico enfrentamento de segundo-turno.

Falou mais alto o projeto cego do poder, que desconsiderou a necessidade de manter respeitoso diálogo no campo das oposições, a fim de que este consiga chegar saudável num momento no qual o que mais vale é encerrar o ciclo petista.

Ao atacar Marina raivosamente, Aécio fornece combustível para os governistas e enfraquece a figura de Marina, fragmentando a oposição e favorecendo até mesmo uma recuperação de Dilma nas pesquisas. Aécio deveria aceitar um debate equilibrado, de modo que o sentimento anti-Dilma e anti-PT decidisse melhor seu candidato, e não denegrir Marina, atirando-a para o lado governista quando esta sofre as maiores covardias vinda do Planalto.

Vivemos um momento de decisão, no qual o Brasil, majoritariamente, se coloca a favor das mudanças, e na maioria eleitoral comprova-se o esgotamento do atual governo. Mas nada cairá de maduro, e como dizia Gramsci, se o velho morre e o novo não nasce, vemos ressurgir fenômenos mórbidos. Se as oposições não afinarem seus objetivos, se não articularem suas convergências de olho na abertura de um novo ciclo político no país, é possível que o velho renasça, e o que se propõem novo e alternativo sofrerá uma derrota de proporções incalculáveis. Seria a perda de uma oportunidade histórica, para as oposições, para o Brasil e para a democracia.



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