Por Adelson Vidal Alves
Quando favorito no campo oposicionista, Aécio fazia apelo à
união das oposições contra o PT. Bastou Marina entrar nas eleições para tudo mudar.
O ex-governador de Minas Gerais se curvou a seu próprio personalismo, liderando
uma campanha caluniosa que iguala Marina, e tudo que ela representa, ao PT.
Erra, pois tudo indica que a ex-senadora será a candidata
das oposições no segundo turno, e que é ela a melhor candidata para derrotar
Dilma. A contribuição de Aécio neste primeiro turno tem sido o de distanciar
pontos convergentes das oposições, de promover desgastes e quebrar laços de
alianças que deveriam ficar sólidos para um histórico enfrentamento de
segundo-turno.
Falou mais alto o projeto cego do poder, que desconsiderou a
necessidade de manter respeitoso diálogo no campo das oposições, a fim de que
este consiga chegar saudável num momento no qual o que mais vale é encerrar o
ciclo petista.
Ao atacar Marina raivosamente, Aécio fornece combustível
para os governistas e enfraquece a figura de Marina, fragmentando a oposição e
favorecendo até mesmo uma recuperação de Dilma nas pesquisas. Aécio deveria
aceitar um debate equilibrado, de modo que o sentimento anti-Dilma e anti-PT
decidisse melhor seu candidato, e não denegrir Marina, atirando-a para o lado
governista quando esta sofre as maiores covardias vinda do Planalto.
Vivemos um momento de decisão, no qual o Brasil,
majoritariamente, se coloca a favor das mudanças, e na maioria eleitoral
comprova-se o esgotamento do atual governo. Mas nada cairá de maduro, e como dizia
Gramsci, se o velho morre e o novo não nasce, vemos ressurgir fenômenos
mórbidos. Se as oposições não afinarem seus objetivos, se não articularem suas
convergências de olho na abertura de um novo ciclo político no país, é possível
que o velho renasça, e o que se propõem novo e alternativo sofrerá uma derrota
de proporções incalculáveis. Seria a perda de uma oportunidade histórica, para
as oposições, para o Brasil e para a democracia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário