quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A ruína moral e política do MST

Por Adelson Vidal Alves


O MST (Movimento dos trabalhadores rurais sem terra) nasceu na década de 80, período brasileiro marcado por significativa ascensão das lutas sociais. Propunha organizar a luta dos pobres do campo, por uma reforma agrária que democratizasse a terra e incentivasse a produção de alimentos para consumo interno. Hoje, três décadas depois, o MST se vê dentro de um Brasil diferente. Economicamente sólido, democraticamente avançado e em pleno desenvolvimento social. Motivo pelo qual pesquisadores do porte de Zander Navarro argumentam que a reforma agrária defendida pelo movimento já não teria razão de existir, assim como o próprio MST. Hoje, a existência desta organização só é possível ciscando em outros terrenos da luta social.

Seja como for, o que nos interessa neste artigo tem a ver muito mais com o atual comportamento do movimento do que com a profunda discussão sobre suas bandeiras de luta. Falo de um MST que vem se degenerando moralmente, e internamente regredindo para práticas autoritárias. Não cito apenas o confronto diário do movimento contra o Estado de direito, através das invasões de terras e depredações às propriedades públicas e privadas, mas, principalmente, do modelo ideológico que faz uso na doutrinação de seus membros. O MST atual recruta pobres do campo, que sonham com um pedaço de terra. Empurram goela abaixo sua doutrina, cria currais eleitorais, toma decisões de cima pra baixo e usa camponeses pobres como massa de manobra.

Suas lideranças, principalmente João Pedro Stédile, fazem parte de uma tropa da sociedade civil que protege os governos petistas. Este líder, por exemplo, ameaçou guerra caso Aécio vencesse a eleição, depois, prometeu protestos diários caso Marina virasse presidente. Por fim, ofereceu seu apoio a Dilma.

Estranho, porque números recentes do INCRA mostram que o governo Dilma foi o que menos desapropriou terras para a reforma agrária desde o governo Collor. A justificativa para o apoio vem dos cofres do Planalto, que patrocinam invasões de terras, megaeventos como o Abril vermelho e até mesmo o sustento de lideranças como Stédile.

A luta por uma nova reforma fundiária deve permanecer, mas deve respeitar a modernização da vida agrícola, do desenvolvimento da democracia institucional, dos avanços sociais e da mudança na estrutura econômica nacional e internacional. O MST se mostra incompetente para esta tarefa, não faz sentido insistir em seu programa arcaico e autoritário. Precisamos de uma nova pauta agrícola, moderna e combinada com o que exige nossa sofisticada ordem democrática.

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