O MST (Movimento dos trabalhadores rurais sem terra) nasceu
na década de 80, período brasileiro marcado por significativa ascensão das
lutas sociais. Propunha organizar a luta dos pobres do campo, por uma reforma
agrária que democratizasse a terra e incentivasse a produção de alimentos para
consumo interno. Hoje, três décadas depois, o MST se vê dentro de um Brasil
diferente. Economicamente sólido, democraticamente avançado e em pleno
desenvolvimento social. Motivo pelo qual pesquisadores do porte de Zander
Navarro argumentam que a reforma agrária defendida pelo movimento já não teria razão
de existir, assim como o próprio MST. Hoje, a existência desta organização só é
possível ciscando em outros terrenos da luta social.
Seja como for, o que nos interessa neste artigo tem a ver
muito mais com o atual comportamento do movimento do que com a profunda
discussão sobre suas bandeiras de luta. Falo de um MST que vem se degenerando
moralmente, e internamente regredindo para práticas autoritárias. Não cito
apenas o confronto diário do movimento contra o Estado de direito, através das
invasões de terras e depredações às propriedades públicas e privadas, mas, principalmente,
do modelo ideológico que faz uso na doutrinação de seus membros. O MST atual
recruta pobres do campo, que sonham com um pedaço de terra. Empurram goela
abaixo sua doutrina, cria currais eleitorais, toma decisões de cima pra baixo e
usa camponeses pobres como massa de manobra.
Suas lideranças, principalmente João Pedro Stédile, fazem
parte de uma tropa da sociedade civil que protege os governos petistas. Este líder,
por exemplo, ameaçou guerra caso Aécio vencesse a eleição, depois, prometeu protestos
diários caso Marina virasse presidente. Por fim, ofereceu seu apoio a Dilma.
Estranho, porque números recentes do INCRA mostram que o
governo Dilma foi o que menos desapropriou terras para a reforma agrária desde
o governo Collor. A justificativa para o apoio vem dos cofres do Planalto, que
patrocinam invasões de terras, megaeventos como o Abril vermelho e até mesmo o
sustento de lideranças como Stédile.
A luta por uma nova reforma fundiária deve permanecer, mas
deve respeitar a modernização da vida agrícola, do desenvolvimento da
democracia institucional, dos avanços sociais e da mudança na estrutura econômica
nacional e internacional. O MST se mostra incompetente para esta tarefa, não
faz sentido insistir em seu programa arcaico e autoritário. Precisamos de uma
nova pauta agrícola, moderna e combinada com o que exige nossa sofisticada ordem
democrática.
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