terça-feira, 10 de junho de 2014

O feminismo que atrapalha

Por Adelson Vidal Alves



Na segunda metade do século XX emergem uma série de movimentos sociais que vão além dos velhos conflitos entre classes sociais. Eles agora falam por questões de gênero, raça e cultura. São o que podemos chamar hoje de “movimentos das minorias” (gays, mulheres, negros etc).

O feminismo é um deles. Em seu estado positivo, luta por uma sociedade menos desigual entre homens e mulheres, seja no trabalho, na vida doméstica ou na participação política. Cobra-se a soberania do corpo da mulher, o direito ao aborto e denuncia-se o assédio masculino. Sempre respeitando os limites democráticos.

Porém, como de costume entre as ideologias, sua causa acaba ganhando comportamentos radicais, exagerados e às vezes condenáveis. São as feministas que usam da tática de escandalizar a sociedade, seja mostrando os seios, introduzindo objetos religiosos em sua genitália frente a lideranças eclesiásticas, e até (pasmem!), costurando suas próprias vaginas. São as mesmas que precisam polarizar com os homens, tratá-los como portadores naturais do machismo e inimigos a serem combatidos. Até na intimidade de um casal, exige-se posições sexuais que não insinuem submissão da mulher. Até aí se faria necessário homem e mulher na mesma altura.

Falamos aqui de um feminismo mal humorado, que recusa flores no Dia Internacional da Mulher, argumentando que tal gentileza não combina com o espírito revolucionário da “mulher moderna”. Um feminismo que doutrina suas adeptas a vigiarem atentamente até mesmo os elogios, a não aceitarem que um homem lhe puxe a cadeira de um restaurante, que abra a porta do carro ou pague a conta toda.

Nem precisa dizer que este feminismo atrapalha. Que é inútil e em nada colabora para superarmos a desgraça do machismo, ainda presente na sociedade.

O que se espera da luta das mulheres é o equilíbrio e o comportamento democrático. Autodenominar-se vadias, promover a nudez pública e abrir uma guerra contra o masculino soam como ineficientes para a verdadeira causa da mulher dos nossos dias, que é a de construir um mundo menos desigual para elas, com salários, tarefas e papeis sociais que lhe caibam, sem que isso se configure em opressão ou injustiça.

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