Quando Dilma acolheu a
realização da Copa do Mundo no Brasil, achou que o evento fosse capaz de,
temporariamente, acalmar os conflitos na sociedade brasileira. Todos estariam
unidos por uma só causa: a “Pátria de chuteiras”. Não foi isso que aconteceu.
Os gastos exagerados e sem transparência
com o campeonato, expôs um governo
incompetente para gerir recursos e completamente submisso a entidades
internacionais. Foi o alimento para que milhões de brasileiros fossem às ruas
em Junho de 2013, interrompendo uma longa inércia política e afetando
diretamente a popularidade da presidenta, que desde então nunca mais foi a
mesma. Não houve um só momento que Dilma falasse em Copa e não fosse vaiada.
Não tenho apreço por slogans do
tipo “Não vai ter Copa”, muito menos aprovo uso da violência de mascarados contra
a imprensa e o patrimônio público e privado. São movimentos que destoam de
nossa cultura democrática, ainda em processo de fortalecimento, mas capaz de
produzir, há pouco mais de duas décadas, uma Carta Constitucional das mais
modernas e democráticas. Acontece que uma análise
lúcida dos fatos aponta com clareza que a Copa é hoje um grande problema
eleitoral para o PT.
Dilma torce pela vitória da
seleção, para que, talvez, o povo alivie seus erros e volte a dar a ela um novo
mandato. É a velha crença no futebol como ópio. É possível, também, que nem
mesmo a taça e o hexa sejam capazes de frear o declínio governista.
Até agora há uma clara
ligação entre o mega evento e o desgaste de Dilma, se isso vai virar votos para
oposição, aí é outra história. Por enquanto vemos, fora dos estádios, uma politização
da Copa, ambos em extremos. De um lado, os governistas saudando o evento como
uma conquista que trará legados para o país, chamando de “vira-latas” os que se
opõem ao Mundial. De outro, os que tratam a Copa como um mal para a nação,
forma de alienação das consciências, motivo pelo qual deveria ser interrompida
pela força da violência.
É óbvio que nenhuma destas
radicalizações reflete a realidade. Se é verdade que os estádios fecharam as
portas para os pobres, por outro, recusar-se a sequer vestir a camisa
brasileira em dias de jogo, em nada ajuda a fazer avançar o Brasil em soluções democráticas. O que sabemos,
com certeza, é que a queda de braço sobre o significado da Copa pode influenciar em
Outubro, com grandes chances de prejuízo para o governo. Neste aspecto, o
campeonato de futebol no país do futebol poderá sair como um obstáculo para a
reeleição de Dilma. Vamos aguardar.
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