sexta-feira, 13 de junho de 2014

Copa e reeleição

Por Adelson Vidal Alves


Quando Dilma acolheu a realização da Copa do Mundo no Brasil, achou que o evento fosse capaz de, temporariamente, acalmar os conflitos na sociedade brasileira. Todos estariam unidos por uma só causa: a “Pátria de chuteiras”. Não foi isso que aconteceu.

Os gastos exagerados e sem transparência com o campeonato,  expôs um governo incompetente para gerir recursos e completamente submisso a entidades internacionais. Foi o alimento para que milhões de brasileiros fossem às ruas em Junho de 2013, interrompendo uma longa inércia política e afetando diretamente a popularidade da presidenta, que desde então nunca mais foi a mesma. Não houve um só momento que Dilma falasse em Copa e não fosse vaiada.

Não tenho apreço por slogans do tipo “Não vai ter Copa”, muito menos aprovo uso da violência de mascarados contra a imprensa e o patrimônio público e privado. São movimentos que destoam de nossa cultura democrática, ainda em processo de fortalecimento, mas capaz de produzir, há pouco mais de duas décadas, uma Carta Constitucional das mais modernas e democráticas.  Acontece que uma análise lúcida dos fatos aponta com clareza que a Copa é hoje um grande problema eleitoral para o PT.

Dilma torce pela vitória da seleção, para que, talvez, o povo alivie seus erros e volte a dar a ela um novo mandato. É a velha crença no futebol como ópio. É possível, também, que nem mesmo a taça e o hexa sejam capazes de frear o declínio governista.

Até agora há uma clara ligação entre o mega evento e o desgaste de Dilma, se isso vai virar votos para oposição, aí é outra história. Por enquanto vemos, fora dos estádios, uma politização da Copa, ambos em extremos. De um lado, os governistas saudando o evento como uma conquista que trará legados para o país, chamando de “vira-latas” os que se opõem ao Mundial. De outro, os que tratam a Copa como um mal para a nação, forma de alienação das consciências, motivo pelo qual deveria ser interrompida pela força da violência.

É óbvio que nenhuma destas radicalizações reflete a realidade. Se é verdade que os estádios fecharam as portas para os pobres, por outro, recusar-se a sequer vestir a camisa brasileira em dias de jogo, em nada ajuda a fazer avançar o Brasil  em soluções democráticas. O que sabemos, com certeza, é que a queda de braço sobre o significado da Copa pode influenciar em Outubro, com grandes chances de prejuízo para o governo. Neste aspecto, o campeonato de futebol no país do futebol poderá sair como um obstáculo para a reeleição de Dilma. Vamos aguardar. 

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