É escandaloso ver pessoas
que confessam a fé cristã orquestrando campanhas contra as lutas da comunidade
LGBT. O pior é que já não se contentam apenas com seus púlpitos. Invadiram a TV
e montaram bancadas parlamentares. Por conta disso, projetos de lei como a
PL/122, que criminaliza a homofobia, vão sendo desaprovadas no Congresso
Nacional.
Segundo estudo realizado
em 2013 pelo Grupo Gay da Bahia, associação de defesa dos direitos humanos dos
homossexuais, o Brasil está em primeiro lugar no ranking mundial de
assassinatos homofóbicos, com 44% do total de mortes de todo o planeta. No
mundo, pelo menos 80 países mantêm dispositivos legais que proíbem relações
homoafetivas, alguns deles com penas de morte. É, deveras, contraditório, que diante
deste quadro discípulos de um homem que elegeu a prática do amor como critério
de fidelidade a Deus, militem de forma tão empenhada na desconstrução de direitos
dos homossexuais. Jesus não fez diferenças entre os que a ele se achegavam,
pelo contrário, acolheu sem condenação todos a quem a sociedade de seu tempo excluía.
Mais tarde, a Igreja que dizia falar em seu nome abonou a escravidão negra, foi
cúmplice de genocídios indígenas, tratou os Judeus como culpados exclusivos de
sua morte e hoje está na linha de frente na segregação dos gays.
Alguns recorrem à
bíblia, dizem que a “palavra de Deus” abomina a homossexualidade. Ora, é
visível a influência patriarcal nas escrituras. Percebam que nela Deus é pai e
não mãe, os discípulos são 12 homens e os 10 mandamentos falam em não cobiçar a
“mulher” do próximo, e não o “homem” da próxima, o que demonstra um
direcionamento preferencial a comunidade masculina. Como esperar que um
ambiente cultural como esse aprove a relação de pessoas do mesmo sexo?
Recentemente o Papa
Francisco disse “não julgar os homossexuais” o que vindo de um Pontífice é um
grande avanço. A Igreja Católica também incluiu em seu Catecismo a exigência de não discriminá-los. Mas ainda é pouco. É necessária
a reformulação da visão da Igreja sobre os gays, de modo a não condená-los em
sua condição. Ninguém pede pra ser homossexual, nasce-se assim. Lançar mão de
uma teologia que os condene ao fogo do inferno por uma situação que não vêm de
sua escolha é, no mínimo, injusto.
Precisamos de uma nova
hermenêutica teológica, que dê conta da diversidade do mundo moderno. Tal
teologia ainda parece estar longe do Vaticano e, principalmente, das novas
Igrejas Pentecostais e seus líderes religiosos. Talvez Jesus estivesse certo ao
falar sobre estes útlimos: “As prostitutas os precederão no Reino de Deus”
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