segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Os gays e os Cristãos

Por Adelson Vidal Alves



É escandaloso ver pessoas que confessam a fé cristã orquestrando campanhas contra as lutas da comunidade LGBT. O pior é que já não se contentam apenas com seus púlpitos. Invadiram a TV e montaram bancadas parlamentares. Por conta disso, projetos de lei como a PL/122, que criminaliza a homofobia, vão sendo desaprovadas no Congresso Nacional.

Segundo estudo realizado em 2013 pelo Grupo Gay da Bahia, associação de defesa dos direitos humanos dos homossexuais, o Brasil está em primeiro lugar no ranking  mundial de assassinatos homofóbicos, com 44% do total de mortes de todo o planeta. No mundo, pelo menos 80 países mantêm dispositivos legais que proíbem relações homoafetivas, alguns deles com penas de morte. É, deveras, contraditório, que diante deste quadro discípulos de um homem que elegeu a prática do amor como critério de fidelidade a Deus, militem de forma tão empenhada na desconstrução de direitos dos homossexuais. Jesus não fez diferenças entre os que a ele se achegavam, pelo contrário, acolheu sem condenação todos a quem a sociedade de seu tempo excluía. Mais tarde, a Igreja que dizia falar em seu nome abonou a escravidão negra, foi cúmplice de genocídios indígenas, tratou os Judeus como culpados exclusivos de sua morte e hoje está na linha de frente na segregação dos gays.

Alguns recorrem à bíblia, dizem que a “palavra de Deus” abomina a homossexualidade. Ora, é visível a influência patriarcal nas escrituras. Percebam que nela Deus é pai e não mãe, os discípulos são 12 homens e os 10 mandamentos falam em não cobiçar a “mulher” do próximo, e não o “homem” da próxima, o que demonstra um direcionamento preferencial a comunidade masculina. Como esperar que um ambiente cultural como esse aprove a relação de pessoas do mesmo sexo?

Recentemente o Papa Francisco disse “não julgar os homossexuais” o que vindo de um Pontífice é um grande avanço. A Igreja Católica também incluiu em seu Catecismo a exigência de não discriminá-los. Mas ainda é pouco. É necessária a reformulação da visão da Igreja sobre os gays, de modo a não condená-los em sua condição. Ninguém pede pra ser homossexual, nasce-se assim. Lançar mão de uma teologia que os condene ao fogo do inferno por uma situação que não vêm de sua escolha é, no mínimo, injusto.

Precisamos de uma nova hermenêutica teológica, que dê conta da diversidade do mundo moderno. Tal teologia ainda parece estar longe do Vaticano e, principalmente, das novas Igrejas Pentecostais e seus líderes religiosos. Talvez Jesus estivesse certo ao falar sobre estes útlimos: “As prostitutas os precederão no Reino de Deus”

 

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