Que Marcelo Freixo é um
parlamentar corajoso e competente, não há quem duvide. Que o PSOL é formado por
pessoas íntegras e com sonhos libertários, também não. O que se coloca em
questão neste momento é a relação do partido com a democracia, sobretudo com um
dos principais pilares de sustentação desta: a imprensa.
Tudo por conta da acusação
infundada do advogado Jonas Tadeu, que disse ter Marcelo Freixo ligação com o
assassino do cinegrafista Santiago Andrade, morto depois de ser acertado por um
rojão na cabeça, quando cobria manifestação contra o aumento das passagens no
Rio de Janeiro. A imprensa, como deve ser, noticiou a denúncia. O suficiente
para o parlamentar alardear um complô contra si. A militância do partido seguiu
Freixo, montou campanhas na internet, fez ataques à imprensa, principalmente a
Rede Globo, e até um ato de desagravo foi realizado.
Para os psolistas e freixistas,
tudo não passou de manobra da “mídia burguesa” para ferir o partido e o
deputado. Para estes, não fazia sentido os jornais darem capa a uma denúncia
sem fundamentos, a única explicação seria a tentativa perversa de enfraquecer
quem enfrenta o “golpismo midiático”. Não repararam que capas de Jornais não são
exclusividades do PSOL. O PT ficou meses em manchetes, por conta do julgamento
do mensalão. O PSDB rendeu várias páginas e reportagens, devido pagamento de propinas
na prefeitura de São Paulo. Os tucanos ainda enfrentam acusações de um “mensalão”
em Minas Gerais, abundantemente noticiado em telejornais do horário nobre. Se
há um complô contra partidos e políticos, o PSOL não é a única vítima.
O comportamento do PSOL frente à
mídia mostra que o partido precisa de ajustes para se integrar definitivamente
ao jogo democrático. Denegrir e tentar desmoralizar um órgão de importante
contribuição para democracia, dando a ele adjetivações de classe e
responsabilidades para com tramoias golpistas,
não só distorce a realidade como favorece um ambiente para relativizações da liberdade
de imprensa que, na prática, pode nos legar um marco de regulação com feições de censura.
Freixo é homem público, e como
tal deve responder por suas funções quando denúncias aparecem contra sua pessoa.
À imprensa cabe noticiar, o julgamento fica por conta das instituições
competentes. Comprovada a culpa ou inocência, esta mesma imprensa deve
informar. Até agora, na maioria dos
casos, é assim que ela tem agido.
O PSOL parece querer estar
acima do bem e do mal. Não aceita que seus membros sejam alvos de
investigações, mesmo quando há evidências para que estas aconteçam, como no
caso da deputada Janira Rocha. Convencido de sua superioridade moral e
ideológica, usa de implacáveis ataques contra seus adversários, tratando, porém,
como calúnias os desvios éticos que lhe
são atribuídos.
O Partido que parecia avançar
para uma vocação parlamentar e de governo, ainda guarda resquícios sectários e
messiânicos, elementos que o impedem de ingressar na atual ordem política como
um genuíno partido democrata.
Balela, seria muito boa a análise se a imprensa em questão não fosse a da família Marinho, o PSOL cometeu uma série de erros nessa questão, e sim possui um histórico de sectarismo que não vai se acabar nesse momento, mas aludir a ele a responsabilidade da tentativa do PMDB e companhia de tentar calar "parte da imprensa" aliás não a Globo ou os reprodutores de sua linha editorial como a Veja e a Folha só prá citar os maiores, acaba sendo também uma dialética estranha.
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