quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Freixo, PSOL e a imprensa

Por Adelson Vidal Alves

Que Marcelo Freixo é um parlamentar corajoso e competente,  não há quem duvide. Que o PSOL é formado por pessoas íntegras e com sonhos libertários, também não. O que se coloca em questão neste momento é a relação do partido com a democracia, sobretudo com um dos principais pilares de sustentação desta: a imprensa.

Tudo por conta da acusação infundada do advogado Jonas Tadeu, que disse ter Marcelo Freixo ligação com o assassino do cinegrafista Santiago Andrade, morto depois de ser acertado por um rojão na cabeça, quando cobria manifestação contra o aumento das passagens no Rio de Janeiro. A imprensa, como deve ser, noticiou a denúncia. O suficiente para o parlamentar alardear um complô contra si. A militância do partido seguiu Freixo, montou campanhas na internet, fez ataques à imprensa, principalmente a Rede Globo, e até um ato de desagravo foi realizado.

Para os psolistas e freixistas, tudo não passou de manobra da “mídia burguesa” para ferir o partido e o deputado. Para estes, não fazia sentido os jornais darem capa a uma denúncia sem fundamentos, a única explicação seria a tentativa perversa de enfraquecer quem enfrenta o “golpismo midiático”. Não repararam que capas de Jornais não são exclusividades do PSOL. O PT ficou meses em manchetes, por conta do julgamento do mensalão. O PSDB rendeu várias páginas e reportagens, devido pagamento de propinas na prefeitura de São Paulo. Os tucanos ainda enfrentam acusações de um “mensalão” em Minas Gerais, abundantemente noticiado em telejornais do horário nobre. Se há um complô contra partidos e políticos, o PSOL não é a única vítima.

O comportamento do PSOL frente à mídia mostra que o partido precisa de ajustes para se integrar definitivamente ao jogo democrático. Denegrir e tentar desmoralizar um órgão de importante contribuição para democracia, dando a ele adjetivações de classe e responsabilidades para com tramoias golpistas, não só distorce a realidade como favorece um ambiente para relativizações da liberdade de imprensa que, na prática, pode nos legar um marco de regulação com feições de censura.

Freixo é homem público, e como tal deve responder por suas funções quando denúncias aparecem contra sua pessoa. À imprensa cabe noticiar, o julgamento fica por conta das instituições competentes. Comprovada a culpa ou inocência, esta mesma imprensa deve informar.  Até agora, na maioria dos casos, é assim que ela tem agido.

O PSOL parece querer estar acima do bem e do mal. Não aceita que seus membros sejam alvos de investigações, mesmo quando há evidências para que estas aconteçam, como no caso da deputada Janira Rocha. Convencido de sua superioridade moral e ideológica, usa de implacáveis ataques contra seus adversários, tratando, porém,  como calúnias os desvios éticos que lhe são atribuídos.

O Partido que parecia avançar para uma vocação parlamentar e de governo, ainda guarda resquícios sectários e messiânicos, elementos que o impedem de ingressar na atual ordem política como um genuíno partido democrata.

Um comentário:

  1. Balela, seria muito boa a análise se a imprensa em questão não fosse a da família Marinho, o PSOL cometeu uma série de erros nessa questão, e sim possui um histórico de sectarismo que não vai se acabar nesse momento, mas aludir a ele a responsabilidade da tentativa do PMDB e companhia de tentar calar "parte da imprensa" aliás não a Globo ou os reprodutores de sua linha editorial como a Veja e a Folha só prá citar os maiores, acaba sendo também uma dialética estranha.

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