segunda-feira, 8 de abril de 2013

As oposições e o mau-caratismo petista



Por Adelson Alves

O apego do PT ao poder beira a mais insana das patologias. Entronizado, o partido tem se dedicado exclusivamente na manutenção e extensão do poder, uma tendência natural humana, como nos ensinava Maquiavel, mas que no Partido dos Trabalhadores ganha os contornos mais trágicos.

O processo de redemocratização brasileira, ainda que feita pelo alto, nos legou um conjunto de instituições que estabilizam o jogo democrático, mas que nos governos do PT foram tratados como balcão de negócios, isso quando não simplesmente um aparelho de transmissão de interesses partidários. Os organismos públicos que deveriam servir a nação acabaram-se por transformar em alongamento do obeso corpo político petista.

Garantir a hegemonia absoluta, abastecer a esfomeada máquina partidária, profissionalizar especialistas em poder custa caro. Não é a toa que o partido faz as mais espúrias alianças eleitorais, chantageia, se vende ao poder econômico, acolhe Malufes e Meirelles no seio de sua administração. Isto é, estão dispostos a todo tipo de sujeira e maracutaia para se perpetuar no banquete farto palaciano.

Quem não parece entender isso tudo são as oposições. Em 10 anos de atuação fez muito pouco, concentrando-se basicamente no denuncismo ético. Ora, a base eleitoral que dá vida ao PT não se preocupa com os desvios morais e a corrupção sistêmica que o partido pratica. Com baixa escolaridade e na parte inferior da pirâmide social, são todos reféns da chantagem social que os programas assistencialistas do governo promovem em tempos de pleito.

As oposições também parecem não entender o quanto inescrupuloso é o jogo petista. Desfilando em meio à popularidade de seus presidenciáveis, o PT destila arrogância, mas não deixa de mostrar claríssimos traços de insegurança e medo. Marina Silva e Eduardo Campos, possíveis candidatos ao poder central, levam ao campo nacional a possibilidade de uma disputa em que plebiscitos do tipo Lula x FHC já não farão o devido sucesso. O que será da militância petista, robotizada a agir como se a culpa da Guerra da Coréia fosse do PSDB e FHC? O que dirão de Marina Silva, a mais progressista entre os ministros dos 10 anos de império petista? E quanto a Eduardo Campos? Socialista e democrata, líder do partido que mais cresce nos estados brasileiros? Virariam todos inimigos neoliberais de uma hora para outra?

Seria necessário mais que simples cartilhas do marketing petista para ensinar aos remunerados cabos eleitorais a difamar quem a história lhe dá reputação impecável.

Mas como inteligência e bom senso não têm sido as virtudes mais invocáveis do neopetismo, estão todos se armando para sangrar seus inimigos. Usar a imprensa, a militância, as redes sociais, o dinheiro público, todo o arsenal que compõe o cenário de uma guerra sem limites são passos que a legenda de Lula propõe-se a fazer nos próximos anos.

E a oposição? Aceitará quieta ao triunfo do mau-caratismo em seu silêncio passivo? Ou se voltará em apresentar mensaleiros e valériodutos como seus cabos eleitorais, sem se importar com os programas?

A tarefa das oposições é começar desde agora a criticar duramente o governo. Denunciar a corrupção planejada de sua cúpula, suas alianças com o que há de mais retrógrado na sociedade brasileira, apontar a desastrosa política econômica como sendo indutora de riscos inflacionários, enfim, desnudar a tragédia de gestão do partido mais corrupto da história da República. Nada disso, todavia, substitui a apresentação de um projeto alternativo, que seja capaz de lançar luz sobre um novo rumo para nação brasileira. Qualquer equivoco na condução do discurso oposicionista pode fazer de 2014 apenas mais um ano de consagração da “pequena política” brasileira, infelizmente uma realidade perversa nas mãos do petismo mau-caráter há pelo menos 10 anos.

Um comentário:

  1. A postura do PT no governo federal não é muito diferente da do governo Neto aqui em Volta Redonda, alianças feitas basicamente com o mesmos partidos que o PT se alinhou em esfera nacional.

    Práticas anti-democráticas idênticas as que são feitas aqui no municipio com ofertas de cargos aos seus aliados, a postura da lider do governo América Teresa na camara mostram bem esse lado autoritário do governo Neto, o desrespeito com o funcionalismo público, o desrespeito a decisões judiciais, etc...

    Engraçado que durante o pega pra capar no segundo turno foi cogitada a presença do Lula em VR para prestar seu apoio público ao Neto, inclusive o PT parte integrante do governo Neto.

    E o NETO é uma figura quase santa aqui nesse seu blog, incoerência tem limite Adelson.

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