Por Adelson Vidal Alves
A interrupção de um mandato
eletivo está previsto na legislação brasileira. Aliás, um mês após a
consagração de nossa Carta Magna de 1988, tal recurso foi utilizado contra um
dos presidentes brasileiros. Todo o processo se baseou em denúncias, provas e
evidências jurídicas, que descredenciaram a continuidade do mandato presidencial
e selaram o Impeachment do primeiro mandatário da nação eleito por voto direto
da Nova República.
A derrubada de Fernando Collor
de Mello não trouxe traumas para a nossa jovem democracia, que se recompôs de
forma sólida e compacta, de modo que as instituições brasileiras ganharam corpo
e estabilidade para gerir com sucesso nossa democracia política. Contudo, as
vozes autoritárias não se calaram por completo, e teimam vida tanto pela
“esquerda” quanto pela “direita”. O uso legítimo de cancelamentos de governo é
utilizado por estes, não como parte integrante de um complexo ordenamento
legislativo que regule o equilíbrio do jogo político, mas como projeto dos
derrotados, que não aceitam a soberania popular e tentam usar de manobras
autoritárias contra as decisões do povo, do qual emana uma legítima democracia.
Quem não se lembra dos
movimentos, partidos e sindicatos que gritavam “Fora FHC”, e chamavam o povo
para destituir do poder um governo eleito democraticamente que, porém, não
governava por suas cartilhas? Temos a sorte de que os organismos que regem
nosso modelo político estão imunes a golpes amadores, que já não logram sucesso
apenas por gritos de ordem de uma pequena vanguarda sectária, antes encontram
barreiras nas ferramentas evoluídas de nossa institucionalidade política.
E não se enganem quem acha que
as ações autoritárias destes grupos limitam-se a Honduras e Paraguai, mesmo em
nossa região fluminense, já se percebe a utilização de uma maioria parlamentar
fisiológica como terreno de imposição de vontades minoritárias. O mais triste é
que atitudes nefastas como essa encontram apoio em parte de nossa “esquerda”,
saudosa do bolchevismo e totalmente caduca em tempos democráticos. Uma esquerda
que se enxerga como portadora dos interesses nacionais, e que até hoje não se
ajeitou confortavelmente a democracia. São os mesmos que gritaram contra Yoani
Sanchez e aplaudiram Fidel, e que consideram o conjunto de dispositivos legais
que amparam nossa democracia como sendo tão somente burgueses. São os mesmos
que dizem falar pelo povo, e nunca com o povo.
Impressionante seu silêncio sobre a conjuntura da cidade em que você mora, colegas de classe no meio de uma greve e nenhum posicionamento da sua pessoa.
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