Por
Adelson Vidal Alves
As
profundas transformações sociais no mundo moderno, que “ocidentalizaram” a
maior parte de nossas sociedades, colocam para a esquerda não só o desafio de
se buscar novas estratégias de luta pelo poder, mas principalmente desafia sua
vocação histórica para a prática de governo.
No
Brasil, com a chegada do PT a presidência da República em 2002 e sua rápida
capitulação pelo statuos quo, levou
muitos a constatação de que a esquerda no governo absorve fatalmente os vícios
do poder, rejeitando todo seu programa original. Fortalece-se a tese de que o
jogo eleitoral da “democracia burguesa” só serve para administrar os interesses
dos grupos dominantes. Não é a toa que a extrema - esquerda usa dos recursos
eleitorais com fins únicos de propaganda, concentrando suas forças numa tomada
do poder de assalto, quando enfim as massas trabalhadoras se livrarem do julgo
da alienação e abraçarem com entrega ao processo revolucionário.
Contudo,
a história se movimentou para além da simplificação classista que moveu a
esquerda socialista e comunista dos séculos XIX e XX. A diversidade pelo qual se
repousa os conflitos contemporâneos abriu novas contradições, onde as classes
sociais não dão conta de se sobrepor. O Estado moderno já não pertence aos
interesses exclusivos de uma classe, e a democracia superou os interesses
absolutos de um grupo dominante, vindo a se consagrar como valor universal. Uma
conquista civilizatória, movida, sobretudo, pelas classes de baixo.
As
condições de um governo de esquerda na atualidade não devem se pautar pela “independência
de classe”, tão aclamada pelos trotskistas. Devem, acima de tudo, serem
respaldadas por uma capacidade criteriosa de se fazer alianças, que não pode se
resumir ao mundo do trabalho, mas se estender a aliados pontuais que sejam capazes
de movimentar políticas e reformas que se orientem para o fortalecimento da
democracia e seu Estado direito, terreno exclusivo pelo qual os elementos
civilizatórios devem emergir.
A
esquerda democrática tem a tarefa natural de saber negociar. De caminhar pelas
instituições democráticas (que não se adjetivam pelo rótulo de classe), e
aprofundar alterações estruturais na sociedade, com o objetivo de botar forte
os alicerces da democracia política.
O
blefe de revoluções na esquina e de acirramentos classistas, só faz a esquerda
se afastar de suas bases históricas, fazendo-se doutrinadoras eclesiais, longe
da realidade concreta que expõe de forma sólida a vitória da democracia sobre
os golpes de Estado, mesmo vindo daqueles que advogam as causas populares.
O
bolchevismo passou, e só mesmo uma esquerda democrática com afinamentos de
governo pode ser capaz de avançar a sociedade para organizações mais humanas e
solidárias, que em funcionamento, patrocinem a integração social e a
democratização da operação institucional da política.
Nada de novo. é a velha democracia como direito universal de C. N. Coutinho que deu no que deu. Acreditam que podem comer belas beiradas. Acham que enganam a burguesia e acabam enganando os trabalhadores.
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