quinta-feira, 14 de março de 2013

Cantos de oportunismo e ingenuidade



Por Adelson Vidal Alves

A proposta bizarra de um impeachment do Prefeito Antônio Francisco Neto (PMDB) protocolado pelo vereador Maurício Batista (PTN) é tão somente um recurso político de uma oposição fisiológica, assanhada com o impasse governamental instalado após a legítima greve dos servidores públicos.

O grupo de parlamentares que se reúne em torno do pedido de impedimento goza de uma história de distância das lutas populares, tendo grande parte deles ligações profundas com a CSN e grandes empresários. Obviamente não é a sensibilidade para com a dor dos servidores que move a ação destes vereadores, mas sim a perspectiva de por abaixo um governo que nas urnas os impõe derrotadas a pelo menos 16 anos.

Junto ao visível oportunismo político, se une o sentimento ingênuo de parte de nossa esquerda, que há muito desconsidera a democracia como ponto inegociável de conquista civilizatória, antes leva em conta a possibilidade de seu cancelamento, desde que se alinhe a sua proposta política, entendida como projeto político de caráter popular.

Esta esquerda não consegue enxergar que a desestabilização do jogo democrático fere vitórias da modernidade, que mediam institucionalmente os conflitos sociais do mundo atual e permitem construção de consensos por mecanismos sofisticados de ordenamento político. 

Defender um impeachment três meses depois da entrada do novo governo, empossado com sustentação de instituições jurídicas, não passa de uma tentativa oportunista de oposições desalinhadas com os valores de uma democracia refinada, que se encorpou em meio a luta madura de inteiros segmentos sociais.

Não acredito no êxito de uma empreitada golpista em Volta Redonda. Os organismos institucionais que regulam a vida política de nossa cidade estão imunes a golpes amadores, e nem aceitarão quebras de contratos democráticos em meio a pirraça de alguns parlamentares de oposição.

Que as questões justas levantadas pelos funcionários públicos se resolvam por negociação, com capacidade de concessão de ambos os lados, onde a governança de uma cidade inteira seja possível junto a necessária valorização da categoria, que serve há anos com excelência toda nossa população.

A politicagem não pode romper com conquistas de um município que teve a ocupação de um exército nas instalações operárias, mas soube resistir golpismos e caminhar satisfatoriamente para uma organização social de robusta envergadura democrática.

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