Por Adelson Vidal Alves
O auditório do Gacemss II foi na noite desta terça-feira, 22 de maio, palco de uma importante iniciativa: Artistas e intelectuais se reuniram para debater a situação da cultura em nossa cidade.
É notório o esvaziamento dos espaços culturais em Volta Redonda , particularmente a partir da virada da década de 1980 para 90, quando o pensamento neoliberal entra de sola na América latina, interferindo diretamente na vida social, colocando no mercado direitos sociais básicos e intensificando uma cultura individualista e mercadológica.
Os presentes no encontro colocaram no centro de sua agenda a urgência de ocupar os espaços físicos de caráter cultural, algo de imensa importância, no entanto, escrevo esta contribuição com o intuito de apimentar e problematizar a questão, e entendo que é dever de todos seguirem com suas reflexões.
Acho que há pelo menos dois momentos quando se fala em cultura na cidade do aço. O primeiro está diretamente ligado aos agentes culturais. Estes são as principais vítimas da consagração da Indústria Cultural massificada. As múltiplas manifestações culturais são segregadas, cedendo lugar para a produção anêmica e monopolizada da cultura industrializada. Neste aspecto, se faz necessário a organização dos agentes culturais como classe, criando fóruns, mobilizando a sociedade e abrindo espaços para que seus trabalhos ganhem cada vez mais influência diante do povo.
O Segundo momento é mais complexo. Tem a ver com o papel que daremos a cultura, seus conceitos, assim como decifrar os enigmas que mantém as massas passíveis diante da Industria Cultural. De minha parte, entendo que o advento da globalização neoliberal, das transformações tecnológicas e dos novos meios de comunicação digital, revolucionaram a forma de vivência cultural. Como bem nos ensina Zygmunt Bauman em seu belo livro “Modernidade líquida” a solidez das instituições que moldavam a sociedade desapareceu, cedendo lugar para uma dinâmica bem menos rígida e extremamente imprevisível. De modo que seria um equívoco recuperarmos estratégias de outros tempos, inviáveis para os nossos dias. Pior ainda será se ignorarmos o irreversível processo de globalização, que mesmo que não percebamos, invade o dia-dia das particularidades de nossa identidade, fazendo dela muito mais plural e variável.
Diante de tudo isso devemos nos perguntar: Como usar os espaços de difusão de cultura como forma de influenciar nas almas de nosso povo? Como nos comunicarmos com a massa em seu massacre cotidiano pela Industria Cultural? O Estado ainda é o núcleo do financiamento das políticas públicas, ou ele foi capturado pelas corporações transnacionais? Se foi, qual o recurso para pensarmos uma política pública de cultura que atenda aos interesses gerais?
As perguntas são muitas, e a reflexão é ponto fundamental na sustentação de nossas lutas. Ainda que o primeiro passo deva ser dado com o pragmatismo que exige a urgência do momento, abandonar a teoria seria o pior de nossos erros.
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