terça-feira, 15 de maio de 2012

Os intelectuais e seu papel social

Por Adelson Vidal Alves



Leandro Konder, intelectual democrático e militante social.
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O papel do intelectual não se resume à produção acadêmica. Ainda que o desenvolvimento de pesquisa e trabalhos científicos seja importante na construção da soberania nacional, a intervenção pública do intelectual é um dever imprescindível.
Às portas de mais uma eleição, Volta Redonda parece caminhar apática no debate de projetos para a cidade. Os atores políticos tais como partidos, movimentos sociais, sindicatos e a mídia, se concentram em arranjos do cotidiano da pequena política. Os paradigmas do observatório de nossa vida política se restringem a pobreza matemática da busca de votos, das alianças para fins meramente eleitorais, sem a mínima preocupação de colocar no centro do debate as grandes demandas da cidade.
Os intelectuais, obviamente, não são os salvadores da pátria, mas sua ausência nas discussões mais amplas de nossa vida social, cultural e econômica, agrava ainda mais a situação, fazendo da política um ambiente meramente pragmático e descerebrado.
A intelectualidade sempre foi protagonista nas lutas nacionais. Não só produzindo manifestos, mas se engajando diretamente nas grandes batalhas da nação, socializando o saber e colocando o conhecimento à disposição das massas. O verdadeiro intelectual não é aquele que acumula um grande volume de conhecimento, mas aquele que tem a sensibilidade de fazê-lo instrumento para o bem comum. Aquele que divide o saber.
O distanciamento da intelectualidade voltarredondense ou talvez de sua atuação acuada e isolada, explica em parte a morbidez das discussões de rumos de nossa cidade, da anemia intelectual de grande parte dos palcos de discussão pública.
Não me lembro de nenhum seminário, fórum ou conferência, em que tenham se organizado e produzido um documento que pudesse marcar sua participação na esfera pública. Desconheço também qualquer projeto de sucesso que aponte o diálogo mais robusto entre o conhecimento sistematizado e o saber do dia-dia popular. Os intelectuais da cidade do aço parecem se contentar com sua atuação individualizada.
Os artistas e agentes culturais são intelectuais, que por sua própria dinâmica, estão em contado direto com o povo. Exercem função pedagógica o tempo todo e são expressão viva da ação coletiva da intelectualidade. Ainda que seu conhecimento não passe pelo rigor científico da academia, é notório a centralidade do pensamento em seu trabalho, influenciando diretamente na vivência cultural de um povo. Os movimentos culturais são assim organizações importantes, desde que guardem sua autonomia. Movimentos ligados ao poder ou de oposição sistemática a ele tendem a se enrolar em suas próprias vaidades e certezas.
A participação mais ativa dos intelectuais de Volta Redonda poderia criar novos focos de resistência à palidez dos últimos debates de nosso cenário político. A política poderia deixar de ser este minguado espaço profissionalizado para se tornar exercício cidadão.

Créditos:

Revisão textual: Regina Vilarinhos

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