segunda-feira, 1 de junho de 2015

Escola, pra quê?

Por Adelson Vidal Alves



As salas de aulas parecem uma fábrica. Alunos-operários trabalham em formato de fileira. São divididos por séries, que supostamente comportariam estudantes com as mesmas habilidades, capazes de acompanharem igualmente o processo de aprendizagem. O professor transmite conteúdos rigorosamente separados por bimestres, geralmente, com conhecimentos distantes das realidades dos alunos. As avaliações deste modelo escolar se dão por provas de múltipla escolha.  Eis aqui a nossa escola.

Todo este drama, acima narrado, produz questionamentos sobre a necessidade da escola. Os alunos não entendem porque devem saber sobre a vida dos faraós, a fórmula de Bháskara ou o conceito de planície e relevo. Isso porque os programas não fazem sentido, nada que consomem servirá para sua vida, e o processo de ensino é penoso e chato. Como os pais ainda enxergam a escola como um lugar onde é possível promover alguma mobilidade social no futuro, são todos obrigados a frequentar as escolas. Até mesmo os governos condicionam programas sociais à permanência de crianças na escola. Se há obrigatoriedade, sinal que o lugar não é nada agradável. Já viram alguma lei obrigando crianças brincarem, comerem doces ou irem a um parque diversão? Lugares divertidos não exigem obrigatoriedade. Por que então, que o processo de aprendizagem não pode ser gostoso? Porque a escola não pode ser um ambiente de prazer? São perguntas que faço todos os dias.

Deveríamos abolir de vez as salas de aulas, os conteúdos separados, os programas curriculares, os professores transmissores de conhecimento, as aulas cronometradas rigorosamente, os horários rigorosos interrompidos por barulhentas campainhas.

Devíamos investir na curiosidade dos alunos. É ela que deve dirigir o processo de aprendizagem. O tema a ser estudado deve ser de aptidão de cada um, articulado com sua realidade. Escola é pra ensinar a pensar e fazer com que todos aprendam a amar o pensamento. Para isso, precisamos de uma escola livre, sem grades curriculares a serem cumpridas, sem professores que se consideram portadores do saber absoluto. Uma Escola feita pelo aluno em colaboração com os professores.

Nossa escola, porém, existe em função dos vestibulares, das avaliações institucionais. Os estudantes são adestrados com conhecimentos mecânicos, estáticos e longe da vida real. O sucesso neste modelo de escola tem a ver com os gráficos, e não com o produto humano que estaremos devolvendo à sociedade. Isto é, mas vale a produtividade percentual do que a felicidade do aluno crítico e autônomo frente ao mundo que vive.

Estamos longe de mudanças. Os educadores parecem aceitar o absurdo da escola atual, e a sociedade prefere a escola-coerção como disciplinadora para a ordem social vigente. Sem os devidos incentivos, os profissionais de educação começam a perder o principal para sua vida educadora: o amor pela educação. Eis aqui o maior desastre.

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