Por Adelson Vidal Alves
As salas de aulas parecem uma
fábrica. Alunos-operários trabalham em formato de fileira. São divididos por
séries, que supostamente comportariam estudantes com as mesmas habilidades,
capazes de acompanharem igualmente o processo de aprendizagem. O professor
transmite conteúdos rigorosamente separados por bimestres, geralmente, com
conhecimentos distantes das realidades dos alunos. As avaliações deste modelo
escolar se dão por provas de múltipla escolha. Eis aqui a nossa escola.
Todo este drama, acima narrado,
produz questionamentos sobre a necessidade da escola. Os alunos não entendem
porque devem saber sobre a vida dos faraós, a fórmula de Bháskara ou o conceito
de planície e relevo. Isso porque os programas não fazem sentido, nada que
consomem servirá para sua vida, e o processo de ensino é penoso e chato. Como
os pais ainda enxergam a escola como um lugar onde é possível promover alguma
mobilidade social no futuro, são todos obrigados a frequentar as escolas. Até
mesmo os governos condicionam programas sociais à permanência de crianças na
escola. Se há obrigatoriedade, sinal que o lugar não é nada agradável. Já viram
alguma lei obrigando crianças brincarem, comerem doces ou irem a um parque
diversão? Lugares divertidos não exigem obrigatoriedade. Por que então, que o
processo de aprendizagem não pode ser gostoso? Porque a escola não pode ser um
ambiente de prazer? São perguntas que faço todos os dias.
Deveríamos abolir de vez as salas de
aulas, os conteúdos separados, os programas curriculares, os professores
transmissores de conhecimento, as aulas cronometradas rigorosamente, os
horários rigorosos interrompidos por barulhentas campainhas.
Devíamos investir na curiosidade dos
alunos. É ela que deve dirigir o processo de aprendizagem. O tema a ser
estudado deve ser de aptidão de cada um, articulado com sua realidade. Escola é
pra ensinar a pensar e fazer com que todos aprendam a amar o pensamento. Para
isso, precisamos de uma escola livre, sem grades curriculares a serem
cumpridas, sem professores que se consideram portadores do saber absoluto. Uma
Escola feita pelo aluno em colaboração com os professores.
Nossa escola, porém, existe em função
dos vestibulares, das avaliações institucionais. Os estudantes são adestrados
com conhecimentos mecânicos, estáticos e longe da vida real. O sucesso neste
modelo de escola tem a ver com os gráficos, e não com o produto humano que
estaremos devolvendo à sociedade. Isto é, mas vale a produtividade percentual
do que a felicidade do aluno crítico e autônomo frente ao mundo que vive.
Estamos longe de mudanças. Os
educadores parecem aceitar o absurdo da escola atual, e a sociedade prefere a
escola-coerção como disciplinadora para a ordem social vigente. Sem os devidos
incentivos, os profissionais de educação começam a perder o principal para sua
vida educadora: o amor pela educação. Eis aqui o maior desastre.
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