segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O PT e a negação do Reformismo

Por Adelson Vidal Alves


 




Nestes 10 anos de governos do PT, o Brasil e o Estado brasileiro não passaram por uma reforma sequer. Quando as administrações petistas optaram por agir para além da superficialidade de sua política cotidiana, o resultado era sempre desfavorável aos trabalhadores. Foi o que aconteceu durante os governos de Lula, que por diversas vezes tentou alterar o funcionamento estrutural da política a favor do grande capital, usando das chamadas "contra-reformas" (já que mais retiravam direitos do que avançavam) .
Em 2003, o “presidente sindicalista” que tanto fazia temer os grandes empresários e banqueiros, apresentou a Reforma da Previdência (ou melhor, contra-reforma da Previdência), que humilhava os aposentados do serviço público e abria brechas para penetração da lógica privatista na seguridade social. A reforma fazia parte de um pacote negociado diretamente por Lula junta ao sistema financeiro, com o objetivo de evitar transtornos a sua eleição.
O acordo contava ainda com mais três (contra) reformas: sindical, trabalhista e universitária.  As duas primeiras esbarraram na sua própria perversidade, que permitiu que nem mesmo as centrais sindicais governistas lhe dessem apoio. Ainda que as cúpulas sindicais nutrissem certa simpatia, o movimento das bases e da opinião pública impediu que triunfasse o que seria o maior ataque ao mundo do trabalho na história da República brasileira. Ironicamente, partiu de um ex-operário a ação de tentar destruir as bases mínimas de nossa legislação trabalhista, com a gravidade de desestabilizar a luta sindical. Já a Reforma Universitária, que ganhou estranho apoio da UNE, esbarrou em seu próprio hibridismo, que impediu a construção de consenso dentro do governo e da sociedade. Lula, assim, só triunfou frente à Previdência dos servidores públicos.
Reformas produzem revoluções. É um erro imaginar que o reformismo serve ao sistema capitalista. A social-democracia europeia vacilou não por ser reformista, mas por recuar exatamente no momento que as reformas começavam a produzir rupturas. A burguesia sabe bem disso. Sabe que se as reformas forem fortes seu sistema corre risco.
A história nos mostra que governos reformistas buscaram alçar voos para além da ordem  do capital. Foi o caso da incrível experiência da unidade popular chilena, liderada pelo grande Salvador Allende. Por lá, o reformismo democrático parecia levar o país a uma interessante experiência pós-capitalista, que infelizmente foi interrompida por um golpe de Estado, patrocinado pelo imperialismo norte-americano.
O reformismo não só é capaz de gerar revoluções, como é a estratégia mais adequada para se travar uma luta anti-capitalista em meio as regras democráticas de nossos regimes modernos.
O PT ao negar o reformismo, e adotar as contra-reformas, nega qualquer possibilidade de superação da ordem. Firma-se assim, como uma legenda que governa por retalhos, tratando questões estruturais com medidas paliativas, que por sua vez conservam o sistema atual.
É tarefa urgente recuperar para o centro dos debates o desafio de reformas profundas na sociedade brasileira. É esta a principal bandeira da esquerda, pelo menos aquela esquerda que preza pela democracia como campo exclusivo de lutas, pelo qual uma nova ordem social deva emergir.


Um comentário:

  1. Tu já conversou com algum funcionário público do governo federal e/ou empregado das suas empresas estatais?

    Houve signifitivos avanços em matéria de ampliação de direitos e na remuneração desses trabalhadores durante o governo do PT, e o retorno de muita coisa que foi perdida durante os anos FHC.

    Muita coisa não foi feita, mas é inegável houve avanços.

    Não, não sou petista(aliás nunca fui filiado a nenhum partido) mas chega a ser cômico sua tentativa de fazer uma crítica a esquerda do governo do PT, por que nessa tentativa você sempre, sempre recorre a argumentos típicos da direita conservadora.

    O PPS é um partido que lhe caiu bem Adelson, resta saber se você terá a coragem de lançar em 2014 um "Carta aberta aos eleitores Brasileiros: O voto progressista em Aécio Neves".

    Pra quem já teve coragem de dizer que a dupla PSDB-DEM: "Nunca anotaram em seus programas um neoliberalismo puro e simples."

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