Nestes 10 anos de governos do PT,
o Brasil e o Estado brasileiro não passaram por uma reforma sequer. Quando as
administrações petistas optaram por agir para além da superficialidade de sua
política cotidiana, o resultado era sempre desfavorável aos trabalhadores. Foi
o que aconteceu durante os governos de Lula, que por diversas vezes tentou
alterar o funcionamento estrutural da política a favor do grande capital, usando das chamadas "contra-reformas" (já que mais retiravam direitos do que avançavam) .
Em 2003, o “presidente sindicalista”
que tanto fazia temer os grandes empresários e banqueiros, apresentou a Reforma
da Previdência (ou melhor, contra-reforma da Previdência), que
humilhava os aposentados do serviço público e abria brechas para penetração da
lógica privatista na seguridade social. A reforma fazia parte de um pacote
negociado diretamente por Lula junta ao sistema financeiro, com o objetivo de
evitar transtornos a sua eleição.
O acordo contava ainda com mais
três (contra) reformas: sindical, trabalhista e universitária. As duas primeiras esbarraram na sua própria perversidade,
que permitiu que nem mesmo as centrais sindicais governistas lhe dessem
apoio. Ainda que as cúpulas sindicais nutrissem certa simpatia, o movimento das
bases e da opinião pública impediu que triunfasse o que seria o maior ataque ao
mundo do trabalho na história da República brasileira. Ironicamente, partiu de
um ex-operário a ação de tentar destruir as bases mínimas de nossa legislação
trabalhista, com a gravidade de desestabilizar a luta sindical. Já a Reforma
Universitária, que ganhou estranho apoio da UNE, esbarrou em seu próprio
hibridismo, que impediu a construção de consenso dentro do governo e da
sociedade. Lula, assim, só triunfou frente à Previdência dos servidores públicos.
Reformas produzem revoluções. É
um erro imaginar que o reformismo serve ao sistema capitalista. A
social-democracia europeia vacilou não por ser reformista, mas por recuar
exatamente no momento que as reformas começavam a produzir rupturas. A
burguesia sabe bem disso. Sabe que se as reformas forem fortes seu sistema
corre risco.
A história nos mostra que
governos reformistas buscaram alçar voos para além da ordem do capital. Foi o caso da incrível experiência
da unidade popular chilena, liderada pelo grande Salvador Allende. Por lá, o
reformismo democrático parecia levar o país a uma interessante experiência
pós-capitalista, que infelizmente foi interrompida por um golpe de Estado,
patrocinado pelo imperialismo norte-americano.
O reformismo não só é capaz de
gerar revoluções, como é a estratégia mais adequada para se travar uma luta
anti-capitalista em meio as regras democráticas de nossos regimes modernos.
O PT ao negar o reformismo, e adotar as contra-reformas, nega
qualquer possibilidade de superação da ordem. Firma-se assim, como uma legenda
que governa por retalhos, tratando questões estruturais com medidas paliativas,
que por sua vez conservam o sistema atual.
É tarefa urgente recuperar para o
centro dos debates o desafio de reformas profundas na sociedade brasileira. É
esta a principal bandeira da esquerda, pelo menos aquela esquerda que preza
pela democracia como campo exclusivo de lutas, pelo qual uma nova ordem social
deva emergir.
Tu já conversou com algum funcionário público do governo federal e/ou empregado das suas empresas estatais?
ResponderExcluirHouve signifitivos avanços em matéria de ampliação de direitos e na remuneração desses trabalhadores durante o governo do PT, e o retorno de muita coisa que foi perdida durante os anos FHC.
Muita coisa não foi feita, mas é inegável houve avanços.
Não, não sou petista(aliás nunca fui filiado a nenhum partido) mas chega a ser cômico sua tentativa de fazer uma crítica a esquerda do governo do PT, por que nessa tentativa você sempre, sempre recorre a argumentos típicos da direita conservadora.
O PPS é um partido que lhe caiu bem Adelson, resta saber se você terá a coragem de lançar em 2014 um "Carta aberta aos eleitores Brasileiros: O voto progressista em Aécio Neves".
Pra quem já teve coragem de dizer que a dupla PSDB-DEM: "Nunca anotaram em seus programas um neoliberalismo puro e simples."