quinta-feira, 19 de abril de 2012

Sindicatos e Globalização

Por Adelson Vidal Alves

"O Occuppy Wall Street, a Primavera Árabe e os Indignados não alcançaram tudo o que esperavam. Mas conseguiram alterar o discurso mundial, levando-o para longe dos mantras ideológicos do neoliberalismo – para temas como desigualdade, injustiça e descolonização. Pela primeira vez pessoas comuns passaram a discutir a natureza do sistema no qual vivem. Já não o veem como natural ou inevitável.."  Immanuel Wallerstein

              O sindicato é órgão fundamental na organização e luta dos trabalhadores frente à exploração econômica do capital. Sua área de atuação se dá exclusivamente na defesa de melhores salários e condições de trabalho para o proletariado. No marxismo, é apontado como arma indispensável na conscientização do lugar do trabalhador no sistema capitalista, sem, contudo, ser capaz de romper com ele.
            Atualmente, o movimento sindical enfrenta uma crise de níveis jamais vistos. O processo de globalização, iniciado no pós-guerra e intensificado no final da Guerra Fria, trouxe mudanças profundas na organização produtiva do capitalismo e também nas formas de organização social do mundo do trabalho.
            Os sindicatos tiveram significativa força no período do capitalismo Fordista, vindo a conquistar inúmeros direitos sociais para os trabalhadores. A produção em série, com funcionários especializados e dentro de grandes fábricas delimitadas por um Estado- Nação, era um terreno fértil para a organização mais ou menos homogênea e unificada de seus representados. Contudo, este modelo cedeu lugar para uma produção flexibilizada, com operários multifuncionais e fabricações desterritorializadas. Após a internacionalização do capital, o advento da robótica e o avanço da tecnologia, assim como a hegemonia do padrão Toyotista de produção, o movimento sindical, em seu formato tradicional, perdeu grande parte de sua força.
            A globalização neoliberal e seu novo conceito de gerenciamento produtivo mundial atingiu o perfil das classes trabalhadoras, hoje com uma consciência de classe fragmentada e com precária forma de organização. Sem falar na própria diminuição do operariado, principal vítima do desemprego estrutural.
            Com o capital sem fronteiras estatais de atuação, os sindicatos precisam repensar suas formas de resistência. Devem elaborar uma nova maneira de garantir unidade a ampla e complexa camada de seres humanos que ainda vivem de seu trabalho, mas que são muito mais heterogêneos do que em outros tempos.
            A globalização do capital veio junto com a globalização da cultura, dos valores éticos e normas morais. Vivemos, assim, numa “aldeia global”, que configura uma realidade marcada pela interação dinâmica de paradigmas étnicos, culturais e de gênero. Estabelecem-se, portanto, novas demandas, de múltiplos grupos sociais, que, de alguma forma, sofrem a opressão sistêmica.
            Os sindicatos se quiserem sobreviver, precisam se articular com esta realidade, dialogando constantemente com outros movimentos sociais e, principalmente, com trabalhadores que se deslocaram do trabalho formal para o informal.
            Com o neoliberalismo global, os trabalhadores e seus sindicatos devem rever suas estratégias de ação e se conectar imediatamente com as novas lutas internacionais, levando em conta as mudanças do conceito de soberania, proletariado, Estado e Nação. Se insistirem com jargões anacrônicos e discursos superados, os sindicatos talvez se tornem um simples clube assistencialista para os trabalhadores formais.
            Então, será seu fim!



Revisão textual: Regina Vilarinhos

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