segunda-feira, 2 de abril de 2012

Direita e direitistas

Por Adelson Vidal Alves

A direita brasileira assumiu várias faces no decorrer da história. Já foi opositora ferrenha ao Governo Vargas, invejosa que era do amplo apoio popular que Getúlio detinha, e também por este ter ampliado e consolidado importantes direitos sociais aos trabalhadores. Inconformada com as derrotas que sofria, tentou romper a ordem democrática em 1954, 1955 e 1961.
Logo após a renúncia de Jânio Quadros, fez o possível para tentar impedir a posse de João Goulart, que estava na China. Com um ufanismo patético, justificou sua natureza golpista dizendo que o Brasil estava ameaçado por uma “República sindicalista”.  Através do protagonismo importante de Leonel Brizola, ao lado de forte resistência popular, Jango toma posse num regime parlamentarista e mais tarde assume como Presidente da República.
Durante o Governo de João Goulart, a direita combateu duramente as reformas de base, sempre reproduzindo a paranóia da guerra fria, ou seja, a de que a qualquer momento o Brasil sofreria uma revolução comunista. Quando perceberam do risco de mudanças mais fortes na estrutura social, através de um processo de reformas idealizado por Jango e apoiado pelas esquerdas, as direitas, civil e militar, armaram um golpe que instalou no Brasil 21 anos de uma terrível ditadura.
No período de redemocratização, se esforçaram para restringir a abertura política ao campo da democracia liberal. Nada de mexer fundo nas desigualdades sociais e regionais e muito menos deixar na mão do povo o processo de transição.
Na primeira eleição direta da nova República, apoiam o candidato aventureiro Fernando Collor. Compactuam com ele a corrupção e seus planos de desmonte dos serviços públicos.
Desmoralizados, abandonam o barco do oligarca alagoano, que sofreu impedimentos de se manter no cargo. Dão apoio ao sucessor, Itamar Franco, em troca de uma postura conservadora e comportada do presidente. Tementes de uma vitória da esquerda nas eleições de 1994 enxergam em Fernando Henrique Cardoso a grande oportunidade de restabelecer o controle conservador da nação.
FHC detinha prestígio devido ao Plano Real, que acabou com a inflação, ainda que as diretrizes econômicas seguiram concentrando renda e produzindo desigualdades. Esta direita vai ser a base ideológica dos dois governos de FHC, que produziu no Brasil um verdadeiro desmonte do parque industrial, a precarização nas relações de trabalho, assim como a abertura para o capital estrangeiro especulativo. As taxas de desemprego subiram, a concentração de riqueza se alarmou, o movimento operário foi reprimido, a violência no campo intensificada e a situação dos pobres agravada.
O Governo de Fernando Henrique perdeu, assim, apoio popular. Não conseguiu eleger seu sucessor e FHC é, até hoje, um dos políticos mais odiados do país. A crise neoliberal abriu espaço para vitória de candidaturas de centro-esquerda. Lula venceu em 2002 para presidente e, desde então, vem acumulando vitórias eleitorais, diante de um definhamento visível da direita tradicional.
Hoje, os direitistas sobrevivem na mídia monopolizada. Guardam em comum o desprezo a tudo que cheire a povo, o ódio aos movimentos sociais, a raiva por qualquer governo que sinalize contra seus privilégios históricos. Não suportam falar em socialismo, são capitalistas convictos, adeptos de um sistema que sustenta bolsões de miséria à custa da vida farta de poucos.
Odeiam a democracia. Fazem festa quando governos democráticos são derrubados. Aplaudiram o golpe em Honduras e se irritaram quando o próprio povo devolveu o poder a Hugo Chaves na Venezuela.
A direita vive na voz de Boris Casoy, nos comentários tagarelas de Miriam Leitão, nas páginas asquerosas da revista Veja, no conservadorismo religioso das igrejas eletrônicas e do Vaticano, e nos artigos de Reinaldo Azevedo e Diogo Mainardi. Sem falar nos jornalões paulistas e nas pequenas associações de boa moral.
A direita vive. Mas, sem o recurso dos golpes, já pensa em outra forma de retornar ao controle central da nação.

Créditos

Revisão ortográfica: Regina Vilarinhos

Um comentário:

  1. É isto aí. Só não fique dando bola pra essas coisas como Azevedo e Mainardi, que dão até urticária só de digitar o nome deles. Esqueça-os, é o mínimo que eles merecem.

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