segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

No carnaval de Volta Redonda, o povo dançou

Por Adelson Vidal Alves



O antropólogo Roberto da Matta, em seu clássico “Carnavais, malandros e heróis”, fez bem a separação entre o carnaval de rua e o carnaval privado. Escreveu ele : “Na rua, o carnaval assume, sobretudo, a forma de encontro aberto (...) ao passo que, nos clubes, se trata de um ambiente mais bem marcado (...) dominados pelo plano econômico”. Pois bem, em Volta Redonda, sob a direção da secretária de cultura Rosane Gonçalves, o carnaval deverá ser “privatizado”. Sim, pois a prefeitura, desde os anos anteriores, quando negou aos blocos de rua serpentinas e outros artefatos carnavalescos com a desculpa ridícula de evitar “sujeira”, vem retirando da maior festa popular do planeta seu caráter popular.

Em reunião dentro de uma boate de Volta Redonda, alguns blocos foram comunicados das regras burocráticas estabelecidas como condição para saírem em seus respectivos bairros. Regras, na maior parte dos casos, quase impossíveis de serem cumpridas à risca. A desculpa da vez? Motivos de segurança. A saída “genial” (com aspas e ironia) encontrada pela secretária de cultura será aglutinar todos os blocos na Ilha São João, em uma festa sob vigilância institucional e com todo o caráter popular das ruas descaracterizado. Quem sabe um Monobloco ou uma Preta Gil apareça por lá para dar glamour à festa, que será minguada pela ausência das tradições de rua, das inversões de valores e do descumprimento tolerável de algumas regras formais? Os foliões serão vigiados pelo cassetete da Polícia e pelos fiscais da secretaria. A cerveja e as bebidas? Bem, isso vai depender da marca que vencer a licitação, que de quebra, vai monopolizar o consumo. Para ficar pior, só mesmo cobrando entrada.

As consequências de tanta burocratização podem ser as piores. A descaracterização já é uma realidade, mas há de se temer que a rebeldia popular resolva enfrentar as regras e organizar eventos clandestinos, aí sim, com todo o risco de violência e outros incidentes. A verdade é que no carnaval, o povo dançou. E dançou por culpa de uma secretária de cultura que não sabe nada de cultura e que conta com o apoio persistente do prefeito Neto, que não será perdoado pelo dia em que a nomeou.


Um comentário:

  1. Secretária de cultura que não sabe nada de cultura. engenheiro de transito que não entendeu nada do que faz, mal sabe dirigir. VR está nas mãos de gente mais que incompetente.

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