Por Adelson Vidal Alves
A democracia proporciona a
saudável alternância de poderes. Nem mesmo os mais carismáticos líderes
conseguem sobreviver ao tempo na medida em que tudo se esgota, há uma espécie
de desgaste natural de toda forma de governança. Em Volta Redonda, depois de
tantas previsões apocalípticas, parece que a era Neto chegou ao fim.
Os sinais do fim vem de seu
próprio governo, inerte, sem criatividade, preso a paradigmas ultrapassados,
distante do povo, imerso numa crise administrativa e cercado de gente que não
tem mínima vocação de governo. Mas sempre foi assim, dirão alguns, e talvez
estejam certos. A diferença é que, antes, a figura de Neto, bom gestor,
competente, fazedor de obras, se exauriu em meio ao esgotamento de um ciclo de
governo onde a urbanização e o aperfeiçoamento e modernização de variados
setores da gestão pública deram certo. Hoje, a exigência de criatividade e
renovação não foi cumprida pelo prefeito, que se comprometeu a mudar e não
mudou.
O vácuo político que se abre,
no entanto, não será preenchido automaticamente. É preciso fazer política. Os
adversários vão precisar elaborar uma alternativa que convença a população, com
um programa de governo que atenda as principais demandas do município. Não me
parece que tais saídas venham de uma oposição radical, ninguém quer uma mudança
total, o sentimento é de uma “renovação conservadora” se me permitem usar este
termo aparentemente híbrido. Mas o que quero dizer, é que o grande vencedor
será aquele que buscar uma espécie de “terceira via”, ou uma “oposição moderada”,
que não jogue tudo o que foi feito fora, mas que se proponha a avançar.
Penso que algumas bandeiras
devem ser levantadas: a criação de um novo PCCS para os servidores públicos, uma
reforma administrativa que elimine, pelo menos, 50% dos cargos comissionados.
Algumas secretarias, criadas para serem usadas no balcão de negócios, devem ser
desativadas, caso da inexplicável secretaria de desenvolvimento econômico. A
retomada de projetos que permitam o primeiro atendimento médico, com
valorização dos profissionais; a realização de concursos para as áreas técnicas
ocupadas por cargos comissionados; investimento na saúde de acordo com a Constituição;
a reorganização do espaço escolar com a diminuição do número de alunos; um
auditoria independente nas contas da prefeitura, de modo a reconhecer a real
situação econômica do município, valorização dos conselhos municipais, uma
renovação no programa Orçamento participativo; e a elaboração séria de uma
política cultural para a cidade.
São bandeiras básicas de
qualquer candidato que se pretenda substituir Neto com um viés democrático e
responsável. A cidade aguarda ansiosa quem de fato terá condições de assumir
essas e tantas outras bandeiras.
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