Por Adelson Vidal Alves
O antropólogo Roberto da Matta, em seu
clássico “Carnavais, malandros e heróis”, fez bem a separação entre o carnaval
de rua e o carnaval privado. Escreveu ele : “Na
rua, o carnaval assume, sobretudo, a forma de encontro aberto (...) ao passo
que, nos clubes, se trata de um ambiente mais bem marcado (...) dominados pelo
plano econômico”. Pois bem, em Volta Redonda, sob a direção da secretária
de cultura Rosane Gonçalves, o carnaval deverá ser “privatizado”. Sim, pois a
prefeitura, desde os anos anteriores, quando negou aos blocos de rua
serpentinas e outros artefatos carnavalescos com a desculpa ridícula de evitar
“sujeira”, vem retirando da maior festa popular do planeta seu caráter popular.
Em reunião dentro de uma boate de Volta
Redonda, alguns blocos foram comunicados das regras burocráticas estabelecidas
como condição para saírem em seus respectivos bairros. Regras, na maior parte
dos casos, quase impossíveis de serem cumpridas à risca. A desculpa da vez?
Motivos de segurança. A saída “genial” (com aspas e ironia) encontrada pela
secretária de cultura será aglutinar todos os blocos na Ilha São João, em uma
festa sob vigilância institucional e com todo o caráter popular das ruas
descaracterizado. Quem sabe um Monobloco ou uma Preta Gil apareça por lá para
dar glamour à festa, que será minguada pela ausência das tradições de rua, das
inversões de valores e do descumprimento tolerável de algumas regras formais? Os foliões serão
vigiados pelo cassetete da Polícia e pelos fiscais da secretaria. A cerveja e
as bebidas? Bem, isso vai depender da marca que vencer a licitação, que de
quebra, vai monopolizar o consumo. Para ficar pior, só mesmo cobrando entrada.
As consequências de tanta
burocratização podem ser as piores. A descaracterização já é uma realidade, mas
há de se temer que a rebeldia popular resolva enfrentar as regras e organizar
eventos clandestinos, aí sim, com todo o risco de violência e outros
incidentes. A verdade é que no carnaval, o povo dançou. E dançou por culpa de
uma secretária de cultura que não sabe nada de cultura e que conta com o apoio
persistente do prefeito Neto, que não será perdoado pelo dia em que a nomeou.
Secretária de cultura que não sabe nada de cultura. engenheiro de transito que não entendeu nada do que faz, mal sabe dirigir. VR está nas mãos de gente mais que incompetente.
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