Por Adelson Vidal Alves
Me parece óbvio que a permanência de Dilma na presidência só
retarda ações mais ligeiras no trato da crise econômica que assola o país. Sua
saída promoveria um ambiente mais propicio para que saiamos deste delicado
momento. Entretanto, os caminhos democráticos para sua destituição encontram-se
embaraçados no jogo de forças político.
O governo segue sem rumo, e para amenizar sua
impopularidade, recorre a retóricas que tentam responsabilizar inimigos por um
suposto exagero no dimensionamento da crise. Nas oposições, a incapacidade de
se compreender que o momento não é o de acirrar ânimos ou mesmo destruir o PT,
mas de trazer de volta ao país a normalidade da resolução pacífica dos
conflitos, afastando qualquer perigo de polarizações autoritárias que ofereçam
riscos às instituições.
O impeachment já reúne as condições básicas para sua
realização, mas é o caminho mais perigoso, podendo causar traumas, sem falar
que sua realização exige um longo e penoso processo, quando o que precisamos é
uma saída rápida. O ideal seria a renúncia da presidente, e a posse imediata de
seu vice Michel temer. Isso possibilitaria a criação de um pacto nacional, que
aceleraria as reformas e medidas anti-crise.
Isso não significa anistiar o governo, e muito menos
eliminar os necessários embates entre oposição e governo. Com temer, deve-se priorizar
uma agenda minimamente consensual e equilibrada, restando ao PT o papel de assumir a postura de responsabilização da crise que
produziu, apoiando o novo governo ou saindo e se isolando no pacto político. Às oposições
e à base governista, sobretudo o PMDB e PSDB, resta a tarefa de liderarem a
construção do programa político deste governo de unidade nacional.
Talvez, com isso, o próprio governo recupere fôlego, e Temer e o PMDB ganhem forças que poderiam impedir a necessária mudança que
todos esperamos em 2018. Só que no atual momento a crise se apresenta como um
cabo de guerra, onde ninguém consegue vencer, e o país se torna a corda,
esticada pelos dois lados e cada vez mais fragilizado. Encontrar um caminho
conciliatório é impedir que a corda arrebente para o lado mais fraco.
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