sábado, 5 de setembro de 2015

O cabo de guerra da crise

Por Adelson Vidal Alves



Me parece óbvio que a permanência de Dilma na presidência só retarda ações mais ligeiras no trato da crise econômica que assola o país. Sua saída promoveria um ambiente mais propicio para que saiamos deste delicado momento. Entretanto, os caminhos democráticos para sua destituição encontram-se embaraçados no jogo de forças político.

O governo segue sem rumo, e para amenizar sua impopularidade, recorre a retóricas que tentam responsabilizar inimigos por um suposto exagero no dimensionamento da crise. Nas oposições, a incapacidade de se compreender que o momento não é o de acirrar ânimos ou mesmo destruir o PT, mas de trazer de volta ao país a normalidade da resolução pacífica dos conflitos, afastando qualquer perigo de polarizações autoritárias que ofereçam riscos às instituições.

O impeachment já reúne as condições básicas para sua realização, mas é o caminho mais perigoso, podendo causar traumas, sem falar que sua realização exige um longo e penoso processo, quando o que precisamos é uma saída rápida. O ideal seria a renúncia da presidente, e a posse imediata de seu vice Michel temer. Isso possibilitaria a criação de um pacto nacional, que aceleraria as reformas e medidas anti-crise.

Isso não significa anistiar o governo, e muito menos eliminar os necessários  embates entre  oposição e governo. Com temer, deve-se priorizar uma agenda minimamente consensual e equilibrada, restando ao PT o papel de assumir a postura de responsabilização da crise que produziu, apoiando o novo governo ou saindo e se isolando no pacto político. Às oposições e à base governista, sobretudo o PMDB e PSDB, resta a tarefa de liderarem a construção do programa político deste governo de unidade nacional.

Talvez, com isso, o próprio governo recupere fôlego, e Temer e o PMDB ganhem forças que poderiam impedir a necessária mudança que todos esperamos em 2018. Só que no atual momento a crise se apresenta como um cabo de guerra, onde ninguém consegue vencer, e o país se torna a corda, esticada pelos dois lados e cada vez mais fragilizado. Encontrar um caminho conciliatório é impedir que a corda arrebente para o lado mais fraco.



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