Por Adelson Vidal Alves
A cultura recebeu, no
decorrer da história, uma série de conceitos e significados. Em outros tempos,
ela estava ligada à beleza das artes. A relação e o gosto pelo belo era coisa
de gente culta, de refinado talento para apreciar o que de melhor havia nas
artes. Mais tarde, recebeu a função educadora, cabendo a ela o papel
civilizatório de retirar as massas ignorantes e estúpidas de seu estado rude. E
por fim, já nos nossos tempos, ela tem sua definição ampliada para o campo da
produção simbólica que envolve os homens de todas as classes.
Como objeto de política
de Estado, a cultura aparece somente na segunda metade do século XX,
especialmente na França, no governo de Charles de Gaulle, que criou talvez o primeiro
Ministério da Cultura em todo o mundo. Este, nas palavras do ministro André
Malraux, era “encarregado de assuntos culturais”, “com a missão de garantir a
maior audiência possível para o patrimônio cultural francês”, além de “promover
obras de arte que enriquecem seu legado”.
Desde então, quase todos
os países democráticos adotaram políticas públicas de cultura, voltadas para a
promoção da diversidade cultural, assim como o fomento e a garantia da
liberdade de criação artística. No Brasil, a cultura ganhou atenção ministerial
entre meados da década de 1980 e início da década de 1990.
Os municípios, em geral,
também criaram secretarias, fundações ou órgãos públicos responsáveis pelas
políticas públicas de cultura. Em Volta Redonda não foi diferente. No entanto,
a cidade jamais pode usufruir do que poderíamos chamar de uma política cultural
genuína. Estranho, porque na cidade do aço a cultura ferve, não só pelo talento
dos artistas locais, mas pela diversidade artística que oferece. Em 2012, às
vésperas das eleições para a prefeitura, um forte movimento de artistas,
poetas, músicos, e intelectuais resolveu reivindicar mais investimento público
em cultura. Misteriosamente, finalizado as eleições e com a reeleição do
prefeito, este movimento se dissolveu em reuniões secretas com a nova
secretária de cultura, a desconhecida Rosane Gonçalves.
Rosane é ligada ao
deputado fundamentalista Edson Albertassi, e pior que seu antecessor, Moacir de
Carvalho, promoveu um profundo processo de cooptação da classe artística, que
se calou mediante suas demandas corporativas atendidas. O movimento cultural,
então forte e respeitável, se sucumbia a interesses pessoais mesquinhos, ao
mesmo tempo em que fortalecia uma secretária de Cultura estranha no seu próprio
cargo.
Hoje, quase 3 anos
depois da reeleição de Antonio Francisco Neto, Rosane, desprovida de qualquer
plataforma de cultura, segue tranquila no comando da Secretaria, sem ser
incomodada pelos gritos até então histéricos que se direcionavam contra seu
antecessor. Seja lá o que aconteceu, todo o fogo dos artistas de Volta Redonda
foi completamente apagado no gabinete da Secretaria de cultura. Vai saber a que
preço um movimento aparentemente tão disposto foi sufocado.
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