Por Adelson Vidal Alves
Caríssimos vereadores de Volta
Redonda, a mídia noticiou hoje que nossa casa legislativa promulgou, depois do
veto do prefeito Neto, o bizarro projeto
de lei do vereador Paulo Conrado, que proíbe o debate de gênero nas escolas de
Volta Redonda, assim como sua inclusão no PME. Pelo que me consta, ainda,
nenhum dos senhores foi contra este projeto.
Bem, acompanhei de perto este
debate, cheguei inclusive a enviar uma carta como esta ao prefeito Neto. Com o
veto deste, pude participar da audiência pública que tratou o Plano de educação
do município, sendo testemunha de um espetáculo lamentável comandado pelo
presidente da casa, acompanhado por seus pares que, além de demonstrarem
absoluta ignorância no tema, abusaram de adjetivos toscos para com os
defensores do debate de gênero, os quais não vale a pena mencionar aqui.
Também sou delegado, como
professor, no fórum de educação do município, onde as discussões já se dão há
semanas, e em nenhum momento vi sequer um de vocês por lá. É inadmissível que
em uma democracia a casa legislativa não se faça presente em um momento tão
importante como esse. Estariam mesmo os senhores preocupados com as diretrizes
pedagógicas do sistema de ensino da cidade? Ou seria o show midiático feito por
Conrado, acompanhado pela omissão de todos, um aceno oportunista para o eleitorado
conservador voltarredondense? Somente isso explicaria a pressa desnecessária
para tratar o tema, que conta com conhecimento raso e superficial de todos
vocês.
Claro que a vitória do projeto
é uma vitória apenas simbólica. Pela graça constitucional, a sala de aula é
território do professor e seus alunos, e não há lei que limite a saudável
liberdade de expressão de educando e educadores. Ou estariam os senhores
dispostos a vigiar os passos de nossas aulas com câmeras ou até mesmo
militarização das salas de aula? A se julgar pelo trabalho de vocês não
duvidaria que os senhores chegassem a tal ponto.
Nós, os educadores democratas,
convictos e obedientes a ética profissional de educar para a civilização,
seguiremos mantendo nosso compromisso de debater as questões contemporâneas da
sociedade que se modifica dia-dia. Seguiremos trabalhando contra a
discriminação de todas as espécies, o obscurantismo e o fundamentalismo
religioso que querem pautar as discussões do Estado laico. Seguiremos promovendo
a diversidade sexual, o pluralismo de ideias, a valorização da construção do
cidadão crítico e autônomo para a sociedade.
Não somos inimigos da família,
não militamos por uma bandeira ideológica homogênea, o que nos une é a fé na
educação como instrumento de libertação, de luta contra a alienação, de
promoção de uma sociedade mais justa, igualitária e tolerante. Leis como essa
dificultam nosso trabalho, mas somos incansáveis e corajosos a ponto de
enfrentar, dentro dos limites democráticos, toda e qualquer iniciativa que fira
nossos sonhos.
Atenciosamente,
Adelson Vidal Alves
Professor de História
Seu post é descabido. Assim como ensinar esse tipo de tema na escola. Cabe aos pais a educação de um filho e não à escola.
ResponderExcluir