quinta-feira, 26 de março de 2015

Por que a escola fracassou?

Por Adelson Vidal Alves   

Escolas deveriam ser lugares de alegria. Como nos Jardins, praças e parques de diversão. Geralmente são como prisões. Não só porque retiram a liberdade de nossas crianças sobre como ocuparem seus tempos, mas, principalmente, por submetê-las a uma lógica escolar parecida com o sistema prisional.

Os conteúdos a serem ensinados são divididos em tempos rigorosamente cronometrados, separados por campos de conhecimentos absolutamente divorciados. Os alunos são desconectados do todo, da realidade universal. Entendem a História, a Física ou a Geografia como mundos diferentes, disciplinas que nada tem a se complementarem. Bem fez a Finlândia, que aboliu a divisão tradicional de conteúdos, e também a Escola da Ponte em Portugal, que há anos ensina a partir da vontade e da curiosidade do aluno. Basta ver o resultado deles e veremos o quanto fracassamos como escola.

Nosso fracasso não se dá nos IDEBs e ENEMs, mecanismos matemáticos e frios para avaliar algum tipo de sucesso educacional. Fracassamos porque não formamos cidadãos críticos, porque não inserimos com competência nossos pequeninos no universo deslumbrante da aprendizagem. Estamos preocupados com os vestibulares, com o sucesso profissional, com as burocracias e suas planilhas.

Seguiremos fracassando enquanto as faixas em frente às escolas seguirem parabenizando o aluno que ganhou bolsa em uma escola de renome, ou quando ingressam numa grande universidade, deixando nas entrelinhas que os que não triunfaram no mercado, fracassaram na vida. As faixas deveriam vir deles, elogiando as escolas que realmente os fizeram felizes na sua infância. Mas, sinceramente? Quantas de nossas escolas mereceriam uma faixa dessas?

Entretanto, não perco as esperanças. Isto porque leciono ao lado de pessoas que sonham o mesmo sonho que o meu. São educadores, diretores, professores, disciplinários e pedagogos que também anseiam por mudanças no ambiente escolar. Sabem que nada mudará de uma noite para o dia, e que não podem e nem devem revolucionar o sistema escolar num passe de mágica. Mas no dia-dia, vão plantando sementes preciosas para que no futuro as crianças de nossas escolas troquem o bocejo pelo sorriso na hora de entrar nas aulas. É com eles e por nossas crianças que não me dou o direito de parar de sonhar.


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