sexta-feira, 13 de março de 2015

Devemos sim, falar de impeachment

Por Adelson Vidal Alves



Quando o PT resolveu, nas eleições de 2014, abrir um discurso de divisão do país, seja entre pobres e ricos, patrões e trabalhadores ou paulistas e nordestinos, acabou por plantar a semente de um tempo que ficará marcado por polarizações radicalizadas, intolerância, ódio e rebaixamento do debate político. Nada disso fará bem o Brasil.

Os dois atos marcados para os próximos dias (dia 13 pró-governo e dia 15 anti- governo) revelam exatamente esta realidade de fragmentação da nação, fomentada por um partido e sustentada pela incapacidade de um governo de chamar o país para um pacto nacional. Antes, recorre ao mesmo erro, elegendo inimigos da nação, alardeando golpes e inventando narrativas fantasiosas.

Dilma a cada dia se isola mais. A operação lava Jato revela um mega esquema de corrupção em nossa principal estatal, onde Dilma foi presidente do Conselho Administrativo. Na economia vivemos estagnação e aumento da inflação, com ajustes sendo feitos na carne dos trabalhadores.  O Congresso já não consegue diálogo com o Executivo, e até mesmo o PT, partido da presidente, começa a se distanciar dela. O clima é de ingovernabilidade, fator que oferece risco a estabilidade política  e democrática do país.

Diante deste contexto, os atores sociais apresentam suas soluções. Há quem diga que o momento é de sangrar Dilma pelos quatro anos, e derrotá-las nas urnas em 2018. Porém, o sangramento não será só na presidente, atingirá, principalmente, o país, especialmente os mais pobres. Deveríamos esperar todo este tempo assistindo passivamente Dilma afundar e com ela o Brasil?
A possibilidade de um impeachment, levantada não por golpistas, como grita a militância petista, mas por juristas e uma parte significativa da militância democrática, seria uma saída interessante para que a nação pudesse rearticular um novo núcleo de poder, capaz de dar os passos necessários para superarmos a crise. Dilma e o PT não tem condições políticas e morais para unir novamente a nação, e seguir o caminho certo para a estabilização econômica e política do Brasil.

Se a situação jurídica de Dilma ainda nos obriga uma relativa cautela sobre a abertura de impeachment, não significa que não devamos falar sobre o tema. Devemos sim, falar do impeachment, conversar abertamente sobre uma alternativa que é constitucional, e em muitos casos, como o já vivido por aqui, ajuda a se arrumar a casa, impedindo uma falência nacional absoluta, risco real caso Dilma siga à frente de nossa República.


Não há golpe em curso, não há possibilidade de intervenção militar, quem diz isso, ou faz por desonestidade ou por ingenuidade de um incauto.  O momento é discutir a interrupção do mandato de Dilma pela via das leis, pela via constitucional, sob as bênçãos do Estado de direito. O momento é de discutir uma solução para o terrível momento em que vivemos. 

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