Por Adelson Vidal Alves
Já há algum tempo que o 13 de maio -data da libertação dos
escravos- já não é mais festejado pelo movimento negro. Justifica-se que o
episódio insinua como protagonista uma branca, a princesa Isabel, que assinou a
Lei Áurea abolindo a escravidão negra. Melhor seria ter um herói da cor negra,
Zumbi dos Palmares, líder do mais famoso quilombo brasileiro. Celebra-se,
assim, o 20 de Novembro, data de sua morte, que já é feriado em parte
dos estados do país, como o Rio de Janeiro.
Fato, porém, é que nem Isabel e nem Zumbi foram lá grandes opositores
à escravidão negra. A primeira foi beneficiada histórica de um ato que envolveu
uma série de atores internos e externos, o segundo lutou para salvar sua pele e
de outros negros. O quilombo que liderava mantinha a escravidão e negociava com
o mundo escravagista, assim, não tinha nenhuma pretensão de enfrentar o
sistema. Mas por que optou-se pelo 20 de Novembro?
Como dito acima, o 13 de Maio favorecia a imagem de uma "heroína" branca e de linhagem real. Não se podia, assim, manipular o imaginário
a favor de uma pedagogia racial. Sem
apoio científico para dividir seres humanos em raças, as ONGs e entidades
racialistas precisam trabalhar a cultura como fator de pertencimento racial.
O 20 de Novembro ganhou nome sugestivo: Consciência negra.
Uma espécie de apelo para que negros se enxerguem como negros, grupo
diferenciado frente a uma sociedade separada por raças. É preciso ostentar o orgulho de pertencer a
uma “raça”. Por isso que alguns professores,
lideranças comunitárias, movimentos sociais e intelectuais trabalham a fundo
para fazer da data um dia para reflexão de um povo e seus mitos: a mãe África,
a cultura dos tambores, etc. A intenção é formar a unidade da consciência
para o falso paradigma da raça.
A data da consciência negra poderia ser apenas mais uma
rememoração de uma luta ou de uma liderança histórica. Mas, no fundo, ela foi
fabricada e é usada para fins pedagógicos de um movimento que precisa da “raça”
como referência de divisão social, sem o qual seus projetos de poder estariam
seriamente ameaçados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário