terça-feira, 18 de novembro de 2014

Pedagogia racial

Por Adelson Vidal Alves

Já há algum tempo que o 13 de maio -data da libertação dos escravos- já não é mais festejado pelo movimento negro. Justifica-se que o episódio insinua como protagonista uma branca, a princesa Isabel, que assinou a Lei Áurea abolindo a escravidão negra. Melhor seria ter um herói da cor negra, Zumbi dos Palmares, líder do mais famoso quilombo brasileiro. Celebra-se, assim, o 20 de Novembro, data de sua morte, que já é feriado em parte dos estados do país, como o Rio de Janeiro.

Fato, porém, é que nem Isabel e nem Zumbi foram lá grandes opositores à escravidão negra. A primeira foi beneficiada histórica de um ato que envolveu uma série de atores internos e externos, o segundo lutou para salvar sua pele e de outros negros. O quilombo que liderava mantinha a escravidão e negociava com o mundo escravagista, assim, não tinha nenhuma pretensão de enfrentar o sistema. Mas por que optou-se pelo 20 de Novembro?

Como dito acima, o 13 de Maio favorecia a imagem de uma "heroína" branca e de linhagem real. Não se podia, assim, manipular o imaginário a favor de uma pedagogia racial.  Sem apoio científico para dividir seres humanos em raças, as ONGs e entidades racialistas precisam trabalhar a cultura como fator de pertencimento racial.

O 20 de Novembro ganhou nome sugestivo: Consciência negra. Uma espécie de apelo para que negros se enxerguem como negros, grupo diferenciado frente a uma sociedade separada por raças.  É preciso ostentar o orgulho de pertencer a uma “raça”.  Por isso que alguns professores, lideranças comunitárias, movimentos sociais e intelectuais trabalham a fundo para fazer da data um dia para reflexão de um povo e seus mitos: a mãe África, a cultura dos tambores, etc.  A intenção é formar a unidade da consciência para o falso paradigma da raça.

A data da consciência negra poderia ser apenas mais uma rememoração de uma luta ou de uma liderança histórica. Mas, no fundo, ela foi fabricada e é usada para fins pedagógicos de um movimento que precisa da “raça” como referência de divisão social, sem o qual seus projetos de poder estariam seriamente ameaçados.


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