segunda-feira, 14 de abril de 2014

Desilusão com a política: 3 consequências possíveis para 2014

Por Adelson Vidal Alves



Junho de 2013 levou às ruas do Brasil milhões de brasileiros, descontentes com os serviços do Estado e com a política em geral. Não à toa os partidos políticos foram hostilizados nas manifestações que aconteciam. Havia no ar uma desilusão com a política e suas instituições, vistas como arcaicas, corruptas e ineficientes.

O desapreço pela política institucional logo se mostrou em pesquisas eleitorais, realizadas pouco tempo depois das manifestações. Viu-se nelas o aumento das intenções de votos nulos e brancos, assim como o desmoronamento da maioria dos governantes, muitos deles até hoje não se recuperaram. Razão pelo qual é de bom grado atentarmos para a influência que o espírito de Junho pode ainda exercer no pleito de outubro. A desilusão com a política, expressa em muitos cartazes dos protestos, apresenta pelo menos três possíveis consequências eleitorais:

A primeira mostra uma chance para as oposições. Em tempos de desilusão, ser situação é ficar no olho do furacão, é ser alvo preferencial da fúria. Momentos como esse oferecem possibilidades para o aparecimento do novo, para a renovação. Mas no caso atual, pelo menos no que diz respeito a corrida presidencial, a oposição não vem conseguindo se apresentar como novidade. Se a candidata do governo está em queda, não há entre seus adversários nenhum crescimento significativo. Conseguirão eles, num curto prazo de tempo, apresentar ao país um projeto convincente capaz de canalizar a insatisfação do eleitorado?

A segunda possibilidade tem a ver com a abstenção eleitoral. Temos números que mostram o aumento de pessoas que se recusam a escolher um candidato, tratando todos como iguais. É possível, assim, que votos nulos e brancos ganhem grande quantidade, o que para democracia seria ruim, haja vista que o poder constituído deixaria de ter o carimbo de milhões de cidadãos.

A terceira talvez seja a mais grave. Com a desilusão coletiva, há quem resolva fazer da política, instrumento de ação para o bem coletivo, uma ferramenta para ganhos pessoais. É ai que entra o poder econômico, oferecendo dentaduras, cestas básicas e sacos de cimento. Como o eleitor desiludido trata todos como iguais, vender seu voto seria a melhor forma de não se perder tanto numa eleição que se repete todos os anos sem nada mudar.

O fato é que as eleições de 2014, coladas com a Copa do Mundo, podem apresentar resultados surpreendentes, seja pela mudança qualitativa ou pela desistência quantitativa. De certo, temos a certeza de que quando a política fracassa, fecha-se o canal principal para resoluções cívicas dos problemas de nossa sociedade contemporânea. Caso a política perca o papel mediador no processo de mudanças que exige a sociedade, corremos o risco de abrir frentes violentas e autoritárias de luta. Nesse caso, estaríamos promovendo um terrível retrocesso.

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