No último dia 22 de Março,
dezenas de municípios do país tentaram reeditar a “Marcha da Família com Deus”,
que em 1964 deu as bases civis para o golpe militar. Em geral, foi um fiasco.
Nossa institucionalidade democrática, refundada em 1988 pela valorosa Carta Constitucional
aprovada aquele ano, guarda hoje relativa imunidade a golpes abertos. O que não
significa que os ruídos autoritários de nossa história recente tenham sido
completamente silenciados.
A nova Marcha da Família com
Deus tem diferenças com a primeira, mas recuperou parte do discurso que incendiava
as rivalidades ideológicas num mundo então marcado por paranoias da Guerra
Fria. Os que marcham hoje querem intervenção militar, denunciam um caminho
comunista que o Brasil estaria trilhando, pretendem derrubar Dilma da
presidência. Ora, se mesmo Goulart, que ingressou no barco radical das
esquerdas em 1964, jamais aproximou o Brasil de algo parecido com o regime
comunista, o que dizer de Dilma? Que abraçou com agrado a tarefa de gerenciar o
capitalismo.
Não passam de pretensões delirantes.
Produzidas com pobreza e requentadas por setores da direita nada simpáticos com
a democracia, ainda que falem dela o tempo todo. O que não pode, todavia, é
tratarmos as bizarras marchas como sendo de interesse de todas as oposições.
Sim, porque parte dos
governistas já ensaiaram uma orquestra falante para colocar todos os opositores
como co-responsáveis pelos pedidos de queda da presidenta Dilma. Deve-se deixar
bem claro que há na oposição grupos de esquerda, moderados e até conservadores,
que guardam com coragem a defesa intransigente da democracia, rechaçando
diariamente qualquer tentativa de se ensaiar um golpe contra o poder
constitucional.
O ódio ao PT e ao comunismo,
assim como a sede de devolver a República nas mãos dos militares, não são
ingredientes que fazem parte da estratégia política das oposições democráticas,
que divergem entre si, mas que convergem na certeza de que derrotar Dilma,
somente nas urnas.
Se por um lado há a insanidade
de quem clama pela volta da ditadura, por outro há o oportunismo de quem quer
se valer eleitoralmente dos acontecimentos. Quem marchou a favor da intervenção
militar nem de longe fala por toda a oposição, que integrada à
constitucionalidade, é elemento indispensável para a dialética democrática.
Eu andei fazendo umas postagens, perdidas no facebook, pensando sobre isso, não acho que quem organiza quer realmente isso, é uma estratégia apenas, de fragmentar intenções de votos, existem muitos que são contra tanto do PT, como do PSDB, seu principal opositor nas urnas, logo....criam essas outras "opções" como ferramenta de num suposto segundo turno, se unirem contra o PT, é o desespero da oposição, está valendo tudo para eles, até oferecer loucura a loucos.
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