Com
73% dos votos, Silvio Campos será o novo presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos do Sul Fluminense. Uma vitória histórica, acachapante. A frente da
Chapa 1, Silvio carregou a bandeira da atual gestão, que reestruturou a
instituição e conseguiu conquistas econômicas importantes para os
trabalhadores. Deve, contudo, enfrentar os desafios que ora se apresentam,
assim como assumir a tarefa de rever erros cometidos no passado.
Filiado
à Força Sindical, central de orientação conservadora e raízes neoliberais, o
sindicalismo metalúrgico da região curvou-se a uma concepção de “resultados”.
Por conta disso, o trabalho de base não existe, o que dá margens para burocratização
e verticalização. Falta, ainda, um
investimento em formação. Focado em um pragmatismo excessivo, o ex-presidente Renato
Soares quase não trabalhou a qualificação de sua diretoria, vivendo afastado de
discussões teóricas mais profundas, o que impediu interpretações conjunturais
corretas nos momentos de crise, como em 2008. A atual diretoria ainda não
conseguiu entender as mudanças no mundo do trabalho, as novas estratégias de
gerenciamento produtivo, o encolhimento do operariado fabril, a diversificação
dos trabalhadores etc. Pensam como se ainda vivessem os tempos do fordismo.
Pessoalmente,
Silvio Campos ainda não tem a liderança de seu antecessor. Renato tornou-se
líder nos duros tempos de oposição, carregando relativo carisma. Silvio, ao
contrário, é mais um quadro administrativo, de perfil sério e semblante frio. Suas
opiniões não se distanciam da central a qual é filiado. Moderado, carrega a
expectativa de poder conciliar os interesses de trabalhadores e empresários, a
quem diz manter repeito. Toma para o papel sindical, a missão de qualificação
da mão de obra para o capital, ficando sempre de olho no mercado. Assim como
seu antecessor, deverá seguir modelando a entidade para políticas assistencialistas
(serviços odontológicos, planos de saúde etc), dividindo responsabilidades com
o Estado. Também seguirá fazendo do 1 de maio uma festa de brindes e sorteios,
esvaziando seu histórico de lutas.
A
cultura sindical de parceria, a qual nem Silvio e nem Renato dão sinais de
abandonar, pode servir em tempos de economia forte, mas já não dão conta quando
crises econômicas fazem o capital abrir ofensiva contra o direito dos
trabalhadores. Um sindicalismo moderno não deve assumir sectarismos, tendo a
habilidade de recorrer a diálogos mais amplos na luta por conquistas. Todavia, não
deve jamais se iludir quanto à postura patronal. Nos momentos de tensão, é
preciso organizar o movimento dos trabalhadores para enfrentar conflitos de
classe sem, é claro, ultrapassar os limites do regime democrático.
Silvio
Campos terá pela frente um árduo trabalho, com uma categoria desmobilizada, os
sindicatos em descrédito e possíveis turbulências na economia. Equilibrar-se
entre a negociação e o enfrentamento, parece ser mais uma vez o desafio.
Renato
conseguiu avanços, ainda que tenha ficado devendo. Silvio tem a chance de ir
mais longe e recuperar o papel histórico que teve o SINDMETAL, deve, no
entanto, abrir caminhos para mudanças internas e externas. Se vai conseguir, só
tempo dirá. Estaremos torcendo.
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