Por Adelson Vidal Alves
"Se nós descobrirmos uma teoria completa, então nós conheceremos a mente de Deus"
Sthepen Hawking, cosmólogo
Acordamos pela manhã, contemplamos o horizonte e logo temos a certeza que a natureza é bela, que o universo é harmônico e que tudo que nos rodeia é dotado de uma perfeita ordem. Imaginamos que as coisas que compõem o mundo são todas conectadas umas as outras, e percebemos que por trás da complexidade da vida existe um projeto detalhado, coordenado por algo consciente, sem o qual tamanha simetria jamais poderia existir. Em resumo: temos a impressão que há beleza (entendida como sinônimo de simetria) e equilíbrio em toda a criação.
Para nossa surpresa, não é apenas a religião que se move pela certeza de que diante de tamanha sofisticação da vida e do cosmos deve haver uma senha que decifre todo o funcionamento de nosso sistema cósmico. Os cientistas, desde Einstein, o pioneiro nesta questão, buscam incansavelmente uma teoria que possa explicar definitivamente como tudo funciona, certos que estão da existência de uma unidade dentro da complexidade criativa.
Mas será possível encontramos um conjunto de leis que dê conta de toda a sofisticação da criação? No que depender do físico Marcelo Gleiser a resposta é PROVAVELMENTE NÃO.
Em seu belíssimo livro Criação Imperfeita, Gleiser nos faz repensar os paradigmas da busca científica, e principalmente as razões pelo qual nos movimentamos para buscar verdades que mal sabemos se existem. O renomado físico brasileiro, radicado nos EUA, vai ainda mais além e nos apresenta um sistema cósmico e vital completamente desordenado, assimétrico e imperfeito. Ou seja, toda a beleza que julgamos ver, provavelmente é fruto de vários acidentes caóticos e assim resultado da assimetria e do desequilíbrio.
A vida, o cosmos e toda criação talvez não sejam tão belos e, tão pouco, frutos de alguma força ordenada e equilibrada. Pode ser que o imperfeito, o feio e o assimétrico tenham produzido o mundo encantado pelo qual prestamos culto diariamente.
O Deus cristão perfeito talvez resulte de nossa vaidade, que rigorosamente lhe atribui o que de mais belo e simétrico construímos em nossa cultura. O verdadeiro Deus que impulsionou a criação pode ter uma mente distante de nossos padrões perfeccionistas. Este Deus é feio, com pensamento desordenado e caótico, porém com preciosa capacidade criativa. Este Deus, a ciência começa a nos mostrar, ainda que sua verdadeira plenitude não esteja a nossa alcance, pelo menos não pelos mecanismos tradicionais da metodologia científica.
Revisão textual: Regina Vilarinhos
Revisão textual: Regina Vilarinhos
"Este Deus, a ciência começa a nos mostrar, ainda que sua verdadeira plenitude não esteja a nossa alcance, pelo menos não pelos mecanismos tradicionais da metodologia científica." A única coisa que faz sentido para mim no texto, mas pensando bem, vejo que isto está conectado às acertivas anteriores, logo é também meio monstruoso... Você tem o direito de dizer o que quiser sobre a ideia de Deus que foi buscar num físico ateu, vivemos numa democracia e não estamos sob o Corão, por isso, seguindo a mesma linha democrática, dou um cordial ZERO ao seu texto. Não se ofenda, não é nada pessoal. Adelson, olhe para dentro do organismo humano, faça uma pesquisa na net e veja quão ordenado é o funcionamento do corpo humano... Depois tente linkar a coerência e beleza de seu funcionamento ao "deus feio" do Gleiser, cara, pra mim não faz sentido algum... Quando fui ateu anos atrás eu às vezes preferia crer em outras civilizações mais avançadas, e que, para me dar um sentido nesta questão, talvez fôssemos o resultado da engenharia genética e pesquisas desses seres... Velho, eu acho que mesmo bebum como vivia,eu era mais sensato que Gleiser e vc juntos...
ResponderExcluirEleandro, Não preciso recorrer a net para ver que ao contrário do vc pensa, o organismo humano não tem nada de perfeito,no próprio livro do Gleiser há uma série de exemplos que mostram que o nosso organismo está longe de ser perfeito. Há obviamente uma ordem funcional, mas também desajustes, assimetrias, orgãos que se tivessem um pouquinho mais pra lá do que pra cá evitariam a possibilidade de tantas doenças, partes do nosso corpo que estranhamente não servem pra nada. O que a meu ver estariam muito mais para mostrar que a criação veio do acaso, do que planejado por um ser inteligente. Se vc for no google, ou perguntar um biólogo, mesmo que este seja pastor de uma igreja protestante, acho que ele vai concordar que as mutações genéticas são a base da construção da vida que conhecemos. E é exatamente erros mutantes (algo feio e assimétrico) que deram a devida estruturação a toda a criação, por isso que usei a metáfora "DEUS É FEIO" (que é minha e não do Gleiser). Não fui buscar em um físico "ateu" a idéia de Deus. Fui buscar em um fisico respeitado e premiado, um posicionamento interessante sobre a criação. Se termino a o texto com a frase citada, é exatamente pra dizer que nem eu, nem a ciência e nem as religiões poderão um dia nos dar uma biografia completa sobre Deus. Este permanecerá como objeto de nossa fé e amor. Para terminar, quero te fazer uma pergunta: O que seria sensato? Crer que o mundo foi feito em 7 dias e os seres humanos criados do barro (a mulher da costela do homem), seria isso ser sensato?
ResponderExcluirO debate que vigora sobre a questão não parte de sete dias literais, se bem que isso não problematizaria o Deus cristão, que é todo-poderoso, podendo criar em um dia, ou milésimo de segundo, sendo sua fronteira inexistente. Pesquisadores, cientistas e teólogos sérios, que se debruçam sobre o livro de Gênesis, no afã de tentar harmonizá-lo com os hodiernos conhecimentos científicos, não o tomam de forma literal - ali a linguagem utilizada é acomodada, já ouviu falar? Estou no âmbito teológico; lingagem acomodada é um tipo de linguagem que os escritores sacros usaram, i. e., usaram o seu universo fenomenológico para acomodar as realidades infinitas e incomensuráveis de Deus: "nossa insuficiência não pode alcançar a excelsitude dEle". Quanto ao que disse sobre nossa "imperfeição", isso confronta todos os documentários científicos que até hoje assisti... Mas como não pretendo ser o dono da verdade, vou pesquisar a ver se acho algo mais sobre nosso corpo como um rico acaso assimétrico cósmico.
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