terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Mensagem de Natal a Presidenta Dilma

Por Adelson Vidal Alves



Exma Presidenta da República Dilma Roussef,

              A senhora, como seu antecessor, são oriundos das lutas populares. Ainda que em trincheiras diferentes, faz parte da história de ambos a luta por um Brasil mais justo e democrático. Bem sabes que a história do país que ora governa é de total expropriação de nossos recursos. Primeiro, com os europeus e depois com as potências capitalistas, o nosso povo enriqueceu quem nunca pegou em uma enxada, e nossas classes dominantes tem laços umbilicais com os exploradores internacionais, tendo uma vida luxuosa à custa do silêncio frente a tanto sofrimento alheio.             
             Os governos que se sucederam sempre foram aliados dos poderosos e privilegiados deste país. Nosso serviço público essencial foi vendido a custo de banana, nossos suados impostos foram transferidos para mãos de banqueiros internacionais, nosso parque industrial foi desmontado e os direitos básicos constitucionais completamente desrespeitados.           
            O seu partido na oposição denunciou todas estas mazelas. Foi firme em combater o aprofundamento do neoliberalismo, que poderia ter trazido consequências ainda mais trágicas. O povo brasileiro se cansou desta gente hipócrita, que pedia votos com uma mão e entregava nossa riqueza com outra. O PT, então, chegou ao governo em 2002 com Lula, e pela primeira vez na história deste país, gente de baixo ascendeu à parte mais alta de nossa República. O Brasil se comoveu em esperança.           
           Vão-se nove anos da administração petista, e, assim como Papai Noel, as promessas de campanha do seu partido não vieram. Neste Natal que se aproxima, a mesa farta de alguns irá se confrontar com  a de 16 milhões de brasileiros que vivem em situação de extrema pobreza, com o déficit habitacional nacional de mais de 7 milhões, e a vida dura de 4,8 milhões de pessoas, que estão acampadas à beira de estradas, esperando terra para plantar           
          Pois é presidenta, infelizmente os presentes natalinos do seu governo só chegaram para os credores internacionais, que abocanharam 43% de nosso PIB, enquanto para a Educação mal chegou aos 2%. Foram presenteados também os 3% de latifundiários no Brasil, que ocupam com seus latifúndios 53% das terras cultiváveis em nosso território.           
          O seu governo, presidenta, como o de Lula, preferiu dar dinheiro ao agronegócio ao invés de incentivar um modelo de agricultura que põe na mesa 60 dos 100 pratos de comida que chegam aos lares brasileiros. Seus aliados do agrobussines, desmatam, envenenam e exportam para ganhar os dólares que dão a eles vida fácil.            
         Presidenta, cadê os 10 milhões de empregos prometidos? A reforma agrária? O salário mínimo decente, que a senhora tanto combateu nos seus primeiros meses de governo. Segundo o DIEESE, ele é quatro vezes menor do que manda a constituição. Cadê a firmeza para se impedir a aprovação de um código florestal, que anistia desmatadores e abre espaço para mais desmatamento? Cadê o compromisso com as comunidades indígenas, ao permitir a construção de uma obra faraônica como Belo Monte, sem ao menos debater com o povo que te fez mandatária do país?            
         Querida presidenta, neste Natal, espero que o menino Jesus ilumine seu espírito e lhe dê sabedoria e sensibilidade, para que no próximo ano, a ceia natalina chegue a todos os brasileiros. Para isso, a senhora terá que rever seus aliados políticos e se alinhar com quem de fato sempre esteve ao seu lado e de seu antecessor, o povo Brasileiro.

Revisão Textual: Regina Vilarinhos

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