quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Adeus ao Trabalhismo.

Por Adelson Vidal Alves

                SINAIS DE DECADÊNCIA: Carlos Lupi e Renato Soares, nada carismáticos, estão longe de ser lideranças trabalhistas como Brizola e Juarez Antunes.

                Entre as balas que dificilmente o abateriam e as declarações de amor a presidenta Dilma, o ex-Ministro do Trabalho, Carlos Lupi, colocou, ainda que de forma desconfortável, o PDT no centro da política brasileira. O partido que prometeu sair junto com seu filiado e dirigente, caso as denúncias de corrupção fragilizassem o ministro, voltou atrás e manteve apoio ao governo de Dilma.
              Em Volta Redonda, o ambiente também tem esquentado. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Renato Soares, chamou de "Sem vergonha" os dirigentes trabalhistas que o antecederam na direção atual no qual participa, e mesmo que entrando pela janela, ratificou em convenção realizada no último sábado, 3 de setembro, o domínio completo da nova legenda pelos metalúrgicos que hoje controlam o sindicato da categoria.
             Tantos desarranjos parecem colocar não só o PDT em xeque, mas até mesmo a ideologia trabalhista, que em meio às mutações do mundo do trabalho, parece estar sem chão para se sustentar. Pior, depois da morte de Brizola percebe-se a falta de uma liderança nacional que seja pólo aglutinador da ideologia, um fator histórico e fundamental na sustentação do trabalhismo brasileiro.
              Primeiro com Getúlio Vargas, depois com Jango e até recentemente com Brizola, a ideologia que foi gerada na era varguista e instrumentalizada na forma de partido no período de redemocratização de 1945, parece sobreviver muito mais do saudosismo, ora brizolista, ora getulista, do que de uma sólida base político-teórica que dê conta das mudanças estruturais da realidade do trabalho no mundo contemporâneo.
              O PTB, berço originalmente partidário do trabalhismo, foi criado por Vargas como forma de solidificar sua concepção conciliadora dos conflitos do trabalho. As conquistas dos trabalhadores do período varguista, tão exaltado pelos trabalhistas, custaram a perseguição e cooptação do movimento operário. Mais tarde, ao voltar do exílio, Brizola reorganiza o "novo" trabalhismo, rompendo com o PTB, então na mão de Ivete Vargas e que já se tornara um partido fisiológico. Restou então ao velho “Caudilho” organizar um novo partido sob a inspiração do trabalhismo, o PDT.
               Figura forte na política nacional, Brizola teve razoável êxito eleitoral em seus primeiros pleitos, vindo a ser governador duas vezes pelo Estado do Rio de Janeiro. Logo depois, sua referência foi perdendo força na medida em que o PT ganhava a base social dos trabalhadores, o que fez os trabalhistas brasileiros declinarem sucessivamente nas eleições, até o óbito de sua então estrela maior, Leonel Brizola, no ano de 2004, quando a situação definitivamente se agravou.
              O PDT pós-Brizola abrigou gente como Wagner Montes, Miriam Rios e ainda hoje conta em seus quadros com Paulinho da Força Sindical, deputado e representante de uma central, que atualmente dirigida pelo partido,  foi ponto de apoio nos desastrosos anos de ouro do neoliberalismo brasileiro.
             O oportunismo dos novos dirigentes do PDT em Volta Redonda, assim como o teatro patético de um dos seus principais quadros nacionais, não só são exemplos de decadência ideológica do partido, como mais um ponto de apoio aos que, como eu, argumentam que o trabalhismo é um pensamento anacrônico nos dias atuais, e que com a militância que hoje tem, dificilmente sairá desta encruzilhada.


CRÉDITOS:

Revisão textual: Regina Vilarinhos

Nenhum comentário:

Postar um comentário