Por Adelson Vidal Alves
O jeito com que Eduardo Cunha (PMDB) conduz os trabalhos da
Câmara dos deputados é perfeitamente discutível. Autoritário e de convicções
conservadoras, ele tem se mostrado hábil em aprovar projetos polêmicos e de
interesse próprio. É conhecedor do regimento da casa e muito bem articulado no
jogo político. Mas há um lado, podemos ousar em dizer “positivo”, que se
esconde na figura de Cunha a frente da Câmara.
É indiscutível que é a primeira vez que, nos governos
petistas, o Executivo tem um adversário de fato. Lula e Dilma remaram em mares
calmos durante todo seu governo, aparelhando as duas casas legislativas e
impedindo que investigações importantes caíssem sobre políticos da base aliada.
Governaram tranquilos, sabendo que poderiam blindar projetos e pessoas que são fundamentais
na manutenção do poder. Com Cunha, definitivamente, o legislativo ganhou em
dinâmica, e a oposição pode fazer política sem enfrentar as tropas de choque
montadas pelo governo. Projetos e leis importantes para a sociedade,
independente dos resultados das votações, foram apresentados e votados,
quebrando a paralisia dos antigos presidentes.
É elemento positivo para a democracia que o legislativo se
movimente, que exponha suas contradições, que coloque as claras a real
representação que sua composição demonstra. Nisso, Cunha foi fundamental. Os
conflitos e os interesses setoriais foram evidenciados, tirando o véu
governista que emperrava o trabalho dos parlamentares e impedia mudanças
significativas no desenvolvimento dos trabalhos.
É claro que as acusações sobre Cunha devem ser investigadas, e
caso algo de errado seja comprovado, deve ser afastado. Nesse caso, as
oposições devem ficar atentas para evitar que o governo recupere a direção da
casa, principalmente em tempos onde se discute o impeachment da presidente
Dilma.
O impedimento depende de pelo menos três fatores: um fato jurídico
que evidencie crime contra a manutenção do cargo, o apoio da opinião pública e
uma conjuntura favorável no Congresso. Os dois primeiros elementos parecem
estar claros. O primeiro pelas pedaladas
fiscais e o crime de responsabilidade da presidente frente a corrupção na
Petrobrás, e o segundo devido a baixíssima popularidade de Dilma. O terceiro
ainda é uma incógnita, mas com Cunha na presidência e o enfraquecimento da base
de apoio, parece que o impeachment pode virar uma realidade em breve.
Em resumo, Eduardo Cunha é o tipo de figura que a política
democrática dispensa, porém, devemos confessar que até nas ocasiões mais
bizarras é possível tirar pontos positivos. E Cunha, podem acreditar, tem os
seus.
Parabéns pelo Blog caro amigo Adelson! Um Blog necessário à luta democrática! Abs.
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