quarta-feira, 22 de julho de 2015

O lado bom de Eduardo Cunha

Por Adelson Vidal Alves



O jeito com que Eduardo Cunha (PMDB) conduz os trabalhos da Câmara dos deputados é perfeitamente discutível. Autoritário e de convicções conservadoras, ele tem se mostrado hábil em aprovar projetos polêmicos e de interesse próprio. É conhecedor do regimento da casa e muito bem articulado no jogo político. Mas há um lado, podemos ousar em dizer “positivo”, que se esconde na figura de Cunha a frente da Câmara.

É indiscutível que é a primeira vez que, nos governos petistas, o Executivo tem um adversário de fato. Lula e Dilma remaram em mares calmos durante todo seu governo, aparelhando as duas casas legislativas e impedindo que investigações importantes caíssem sobre políticos da base aliada. Governaram tranquilos, sabendo que poderiam blindar projetos e pessoas que são fundamentais na manutenção do poder. Com Cunha, definitivamente, o legislativo ganhou em dinâmica, e a oposição pode fazer política sem enfrentar as tropas de choque montadas pelo governo. Projetos e leis importantes para a sociedade, independente dos resultados das votações, foram apresentados e votados, quebrando a paralisia dos antigos presidentes.

É elemento positivo para a democracia que o legislativo se movimente, que exponha suas contradições, que coloque as claras a real representação que sua composição demonstra. Nisso, Cunha foi fundamental. Os conflitos e os interesses setoriais foram evidenciados, tirando o véu governista que emperrava o trabalho dos parlamentares e impedia mudanças significativas no desenvolvimento dos trabalhos.

É claro que as acusações sobre Cunha devem ser investigadas, e caso algo de errado seja comprovado, deve ser afastado. Nesse caso, as oposições devem ficar atentas para evitar que o governo recupere a direção da casa, principalmente em tempos onde se discute o impeachment da presidente Dilma.

O impedimento depende de pelo menos três fatores: um fato jurídico que evidencie crime contra a manutenção do cargo, o apoio da opinião pública e uma conjuntura favorável no Congresso. Os dois primeiros elementos parecem estar claros.   O primeiro pelas pedaladas fiscais e o crime de responsabilidade da presidente frente a corrupção na Petrobrás, e o segundo devido a baixíssima popularidade de Dilma. O terceiro ainda é uma incógnita, mas com Cunha na presidência e o enfraquecimento da base de apoio, parece que o impeachment pode virar uma realidade em breve.


Em resumo, Eduardo Cunha é o tipo de figura que a política democrática dispensa, porém, devemos confessar que até nas ocasiões mais bizarras é possível tirar pontos positivos. E Cunha, podem acreditar, tem os seus. 

Um comentário:

  1. Parabéns pelo Blog caro amigo Adelson! Um Blog necessário à luta democrática! Abs.

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