domingo, 3 de maio de 2015

Viva a rede Globo!

Por Adelson Vidal Alves



A crise brasileira é grave. O governo está perdido, as instituições não se entendem, a economia está estagnada e os partidos políticos sem crédito. Frente a este cenário, bandeiras bizarras são levantadas, inimigos inventados e conflitos radicalizados. A mais nova manobra da velha esquerda é tentar por abaixo a rede Globo. O argumento é simplório e vem do chavismo: a emissora seria golpista e contra os interesses nacionais.

De cara este tipo de discurso deveria ser rechaçado. Simplesmente por que é autoritário e atenta contra o pluralismo midiático. Democracias avançadas sabem lidar com a mídia em sua forma diversificada, ditaduras não, estas se utilizam do monopólio da informação para legitimar suas ideologias. É assim em Cuba e na Venezuela, aliados ideológicos do governo petista.

Malgrado equívocos editoriais da rede Globo, a emissora está longe de representar algum golpismo nos tempos atuais. Pelo contrário, sua trajetória histórica forneceu significativa contribuição à cultura na TV aberta. Veio dela o melhor da teledramaturgia, dos seriados e também da cobertura jornalística, política e esportiva. Não tivéssemos a rede Globo, nos sobraria a monotonia do SBT, a previsibilidade da bandeirantes e o proselitismo da Record. Imaginaram o Brasil sem a novela das 8? Teríamos que nos contentar com a paupérrima teledramaturgia mexicana.

Foi a rede Globo a responsável pela revelação de grandes atores, jornalistas e humoristas. Sem a Globo será que teríamos um Jô Soares, um Chico Anísio ou um Tarcísio Meira? E o cinema brasileiro sem o apoio da Globo, teria algo a mostrar ao mundo?
Não se trata de bajular a poderosa rede Globo, mas de dar a ela o correto lugar histórico, que não é e nunca foi, simplificadamente, o do golpismo político.

Mesmo com todas as dificuldades, avançamos em direção a uma democracia plural, capaz de nos permitir leituras diferentes dos fatos via vários organismos de comunicação. Por sermos uma democracia, não temos que engolir verdades oficiais, produzidos pela imprensa estatizada. Temos o direito e a opção, principalmente em tempos de redes sociais, de ouvir versões múltiplas de um acontecimento. Ao  pedirmos o fim de uma das versões deste fato, tão somente por não representar nossa visão de mundo, estamos atacando a liberdade de imprensa, tão cara em nossa vida política. Em todos os casos, é melhor que a Globo fique.



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