Por Adelson Vidal Alves
A crise brasileira é grave. O
governo está perdido, as instituições não se entendem, a economia está
estagnada e os partidos políticos sem crédito. Frente a este cenário, bandeiras
bizarras são levantadas, inimigos inventados e conflitos radicalizados. A mais
nova manobra da velha esquerda é tentar por abaixo a rede Globo. O argumento é simplório
e vem do chavismo: a emissora seria golpista e contra os interesses nacionais.
De cara este tipo de discurso
deveria ser rechaçado. Simplesmente por que é autoritário e atenta contra o
pluralismo midiático. Democracias avançadas sabem lidar com a mídia em sua
forma diversificada, ditaduras não, estas se utilizam do monopólio da
informação para legitimar suas ideologias. É assim em Cuba e na Venezuela,
aliados ideológicos do governo petista.
Malgrado equívocos editoriais
da rede Globo, a emissora está longe de representar algum golpismo nos tempos
atuais. Pelo contrário, sua trajetória histórica forneceu significativa
contribuição à cultura na TV aberta. Veio dela o melhor da teledramaturgia, dos
seriados e também da cobertura jornalística, política e esportiva. Não
tivéssemos a rede Globo, nos sobraria a monotonia do SBT, a previsibilidade da
bandeirantes e o proselitismo da Record. Imaginaram o Brasil sem a novela das
8? Teríamos que nos contentar com a paupérrima teledramaturgia mexicana.
Foi a rede Globo a responsável
pela revelação de grandes atores, jornalistas e humoristas. Sem a Globo será
que teríamos um Jô Soares, um Chico Anísio ou um Tarcísio Meira? E o cinema
brasileiro sem o apoio da Globo, teria algo a mostrar ao mundo?
Não se trata de bajular a poderosa
rede Globo, mas de dar a ela o correto lugar histórico, que não é e nunca foi,
simplificadamente, o do golpismo político.
Mesmo com todas as
dificuldades, avançamos em direção a uma democracia plural, capaz de nos
permitir leituras diferentes dos fatos via vários organismos de comunicação. Por
sermos uma democracia, não temos que engolir verdades oficiais, produzidos pela
imprensa estatizada. Temos o direito e a opção, principalmente em tempos de
redes sociais, de ouvir versões múltiplas de um acontecimento. Ao pedirmos o fim de uma das versões deste fato,
tão somente por não representar nossa visão de mundo, estamos atacando a
liberdade de imprensa, tão cara em nossa vida política. Em todos os casos, é
melhor que a Globo fique.
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