A chegada de Marina Silva ao cenário eleitoral não só
aumenta a imprevisibilidade no resultado, como, principalmente, traz novos
elementos ideológicos para o debate. Há quem afirme com todas as letras que a
ex-senadora seria a candidata da “direita”, representante do campo conservador,
homofóbico e fundamentalista.
Ora, nenhuma análise honesta e imparcial pode acolher tais
argumentos. Marina Silva, religiosa que é, tem o direito de manter firme suas
crenças e convicções morais particulares. Trata-se de direito de crença e expressão,
consagrados na Carta Magna e que configuram exigência mínima para um regime
democrático.
Mas uma parte de nossa esquerda não consegue compreender
sequer a importância de uma conquista democrática liberal, que separa público e
privado. Marina pode ter suas posições sobre a União civil homossexual,
acreditar que é pecado e que todos que cometem tal prática vão para o inferno.
O que não pode é trazer para seu programa político algo que discrimine
homossexuais por conta de sua fé. Isso Marina jamais fez. Nenhuma declaração
pública sua mostra risco mínimo de que, no poder, vá violar a laicidade do
Estado.
Pelo contrário, na vida pública foi exemplo, vem de uma
trajetória de lutas sociais, ao lado dos seringueiros do Acre. Compôs o núcleo
progressista do governo Lula, desarticulado pelo economicismo do ex-presidente,
mais preocupado com os números do PIB que os do desmatamento. Teve a ousadia de
propor um novo partido, de conteúdo novíssimo e com as ambições de atualizar a
política para novas formas de funcionamento. Não a toa se situou no campo democrático,
ao lado de partidos históricos como o PSB de Campos e o PPS de Roberto Freire,
ambos porta vozes de uma esquerda alinhada aos valores democráticos, obediente
a Constituição e defensora do Estado de direito.
Marina fala por este grupo, por esta coalizão. Tem suas ideias,
mas representará esta esperança, fundada no consenso de um leque de partidos,
todos unidos pela renovação democrática do poder político no Brasil.
Marina não é quadro da extrema-esquerda, por isso não assume
os sectarismos de quem recusa- se a alianças estratégicas e necessárias dentro
de um regime político plural e complexo. Se por acaso sua candidatura receber
dinheiro do Itaú e da Natura, como apelam seus adversários, faz-se necessário
abrir as contas dos mesmos, todos estruturados pelo recurso do que há de mais
reacionário no capital. Nem mesmo Luciana Genro pode se gabar da tal
independência de financiamento, quando candidata a perfeita de Porto Alegre, recebeu
cerca de R$ 200.000, oo do grupo Gerdau.
Sendo assim, é de bom senso aceitarmos Marina como a
candidata que melhor representa as forças democráticas moderadas. Que acolhem
vozes de uma esquerda histórica, como os já citados PSB e PPS, mas que também farão
representar setores moderados e até conservadores da sociedade. É esta aliança
que representa o moderno nessas eleições, motivo pelo qual os atrasados, à
esquerda e à direita, não poupam calúnias e fantasias para desgastar Marina. A
se julgar pelo último Datafolha, podemos dizer que fracassaram.
Caro bloguista, a você faço apenas uma pergunta. Vc apoia o Neto, um prefeito cassado, que governa por uma liminar. Como vc se sente sendo financiado por um governo autoritário, reacionário que banca vc pra brincar de erudito esquerdista. Vc precisa fazer uma auto análise de suas posições.
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