segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O voto progressista em Neto

Por Adelson Vidal Alves



O segundo turno em Volta Redonda polarizou duas frentes políticas. Nenhuma delas é de esquerda. Foram coerentes o PSOL e o PSTU, partidos socialistas, que optaram pelo voto nulo neste momento, rejeitando tanto Neto (PMDB), depois de anos na oposição a seu governo, como Zoinho (PR). Seria estranho se estas legendas se bandeassem para o lado do candidato do PR que abriga demos, tucanos e o presidente da CSN em sua coligação.

A esquerda progressista, contudo, não é homogênea (graças a Deus!). Há quem avalie um quadro preocupante na disputa eleitoral de nossa cidade. O grupo político que Zoinho abriga, o acordo que mantém com o grande capital da cidade e seu lugar de herdeiro dos tempos sombrios de Wanildo Carvalho e companhia, aponta uma necessária articulação entre o campo progressista e de centro com a candidatura Neto, assim como um chamado aos movimentos sociais.

O candidato do PR não recebeu nenhum apoio dos partidos de esquerda e nem dos movimentos populares. Ele conseguiu capitular uma parte dos setores médios da sociedade, pregando, de forma monótona, a rotatividade do poder. Sabemos que o revezamento no poder é uma conquista democrática no campo da democracia liberal. Entretanto, não significa que ela deva acontecer a qualquer custo.
            
Antes de se falar em rotatividade no poder, é preciso atentar para o princípio fundador da democracia: a vontade popular. Se um governo, em respeito às regras constitucionais do país, se repete, é porque de alguma forma ele obteve maioria política e eleitoral. Exigir mudanças em dissonância com a opinião do povo, simplesmente por mudar, não encontra ecos na tradição da literatura democrática.
            
O caráter progressista do voto em Neto se justifica pelo risco de um perigoso retrocesso na cidade (ver “Derrotar Zoinho e impedir o retrocesso” neste mesmo blog). O Governo de Neto não foi uma ditadura, como alguns alardeiam. Os espaços da democracia institucional, como o parlamento, foram respeitados. Todas as Conferências chamadas pelo Governo Federal foram realizadas; Congressos Estudantis recebidos em nossa cidade, assim como a constante criação de Conselhos Municipais, como o recente Conselho da Juventude.
            
Não houve repressão e nem criminalização aos movimentos sociais e a imprensa é livre, a ponto de um jornal clandestino, montado às pressas pela oposição, circular (na medida em que respeita a lei) pelas vias públicas do município.
            
Neto não cancelou a democracia. Venceu as eleições sucessivas que participou graças aos investimentos de infraestrutura que fez nos bairros mais carentes, na instalação de praças poliesportivas em quase 100% da cidade, do belíssimo programa com a terceira idade, no investimento do esporte amador e profissional - que o digam os gigantes de aço do Vôlei e o Skate - hoje cheio de campeões e com a maior pista da América Latina. Nosso moderníssimo Estádio também é palco de uma saúde pública avançada tecnologicamente.
            
Recentemente, o CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados/Ministério do Trabalho) apresentou a evolução dos números de geração de empregos na Região Sul Fluminense de 2002 até 2011. Nesse período, Volta Redonda foi a maior geradora de empregos da região, em cinco anos: 2002, 2007, 2008, 2010 e 2011. Considerando a soma dos resultados do período, o Sul Fluminense gerou 90.573 empregos, dos quais 28,89% ficam em nossa cidade. Há de se frisar também que em três anos e meio, a Junta Comercial (Jucerja) registrou a abertura de 2.729 empresas, em vários ramos de atividade.
            
As conquistas do Governo Neto, em contradição com Zoinho e seus aliados à direita, mostram-no como o voto progressista deste segundo turno. Ainda que se necessite mais pressão por parte dos movimentos sociais em um novo mandato, com Neto os espaços de luta social serão muito mais favoráveis do que em um governo que tem no seu seio a dupla PSDB-DEM. Por onde eles passaram, mostraram como governam.


Revisão textual: Regina Vilarinhos
           

2 comentários:

  1. Bicho, eu até entendo o seu raciocínio nesta conjuntura que é apresentada. Mas umas questões devem ser levantadas: o governo do Neto flerta com o autoritarismo em alguns momentos, a forma como o Neto tratou o funcionalismo nesses 16 anos é vergonhosa, o apoio velado que ele encontra nos meios de comunicação locais tendo o principal jornal da cidade como um planfeto e relações públicas da prefeitura, os escandalos envolvendo a secretaria de cultura (ele a inação dele). Enfim, o cara teve 115 mil votos em 2000, em 2012 84 mil, uma queda consideravel!

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  2. O voto para rotatividade de poder é perigoso demais. Vide o Lula e PT no poder em resposta ao pedido de rotatividade e mudança.
    Convenhamos, está difícil escolher um candidato em VR. NETO e seus escândalos (igual Maluf - "rouba mas faz") e Zoinho com seu populismo. Não se esqueçam que na passagem a R$1,00 o restante sairá do PMVR, ou seja, do nosso bolso.
    Uma pena Dodora não ter ido longe!

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