A
ascensão do PT ao governo central do país em 2002 carregou consigo as
contradições de uma política de alianças policlassista. Os principais postos do
Estado brasileiro, principalmente na área econômica, vieram assim a ser ocupados
por representantes diretos das classes dominantes. O resultado reflete uma
governabilidade de caráter conservadora, às vezes com claros sinais de
regressão, como é o caso das políticas educacionais.
O
Governo Lula, logo no seu primeiro mandato, preparou uma Reforma Universitária
neoliberal, abrindo espaço para a privatização gradual das Universidades
Públicas. Criou o PROUNI e o REUNI, o primeiro um programa que compra vagas em
Faculdades pagas através de isenção fiscal aos empresários da Educação, e o
segundo, uma abertura massificada de vagas nas Universidades federais sem os
investimentos adequados, o que cria inevitavelmente um inchaço no ensino
superior federal. Nada de trabalhar uma reforma radical no ensino básico, de
valorizar os servidores da educação, de investir em pesquisas, ou mesmo ensaiar
uma universalização do acesso à educação superior.
Os
números consagram a tragédia educacional petista. Segundo o IBGE, a
qualidade de aprendizagem piorou na era PT. O “Nível Pleno de Alfabetismo”
caiu de 49% em 2001 (governo FHC) para 35% em 2011, e o “analfabetismo
funcional” chega a 74% da população brasileira neste ano.
O
governo Dilma repete os resultados trágicos de seu antecessor e padrinho
político. Há mais de dois meses, 40 Institutos Federais de Educação, assim como
59 Universidades Federais, se encontram paralisados sem a devida atenção do
governo.
Os
grevistas reivindicam reajuste no piso salarial em 22,8%, devolução do
vencimento básico complementar absorvido na mudança na Lei da Carreira de 2005,
além de reposicionamento dos servidores aposentados. O governo oferece reajuste
salarial de 15%, concedidos de forma parcelada até 2015. "É
uma proposta que sequer repõe as perdas da categoria", avalia Gutenberg
Almeida, coordenador-geral do Sinasefe, que calcula em 13,8% as perdas
salariais.
O
Governo justifica a irrisória proposta usando de argumentos que dão conta da
crise internacional, assim como o impacto orçamentário que os aumentos
causariam. Estranho paradoxo que Dilma economizou mais de 128 bilhões só no ano
de 2011 para pagamento dos juros da dívida pública, e este ano está previsto economia
de mais de 50% do PIB para remuneração de banqueiros. Sem falar que a
administração petista segue renunciando receita fiscal de empresários do setor
industrializado, através de isenção do IPI.
Já
não fosse trágica a resposta do governo a um setor importante para o
desenvolvimento social do país, é ainda grave a forma como o governo ignora a
paralisação. Trata-se de uma postura antissindical, vinda estranhamente de um
partido oriundo das lutas trabalhistas do ABC paulista na década de 70, e que
chegou ao poder principal do Brasil através de um operário.
É
impensável um país mais justo e soberano, sem a devida atenção a educação em
todas suas esferas. A contribuição negativa que dá o PT no governo é um exemplo
deplorável que não deveria partir de quem reivindica o campo da esquerda no
espectro político.
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