quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Teologia da Libertação, O cristianismo que o Papa detesta

Por Adelson Vidal Alves

                



             Em meados da década de 1960 surge na América Latina uma interessante proposta de vivência de fé. Na base da igreja católica emergiram formas de religiosidade que colocavam os pobres como centro da prática evangélica. Neste momento aparece uma nova experiência eclesial, descentralizada, democrática e extremamente preocupada com as questões sociais. Tais práticas eram teoricamente iluminadas pelo que veio  a ser chamada "teologia da Libertação", pensada e difundida por teólogos como Gustavo Gutierrez, Hugo Asmann e Leonardo Boff, pensadores cristãos que propunham uma práxis cristã articulada com a ação de libertação dos pobres.
               A teologia da Libertação teve forte influência na política da América Latina, a ponto de um certo presidente norteamericano admitir que ela era mais perigosa que o comunismo. O que mais incomodava os donos do poder era o fato de existir um cristianismo que ao invés de prometer vida próspera no céu organizava os pobres para a vida digna aqui mesmo na terra e denunciava publicamente o sistema de produção como produtor de miséria e desigualdade social.
               O Vaticano se apressou em condenar o que eles consideraram uma "teologia Marxista". A aliança historica com os poderosos cegou a igreja para uma teologia que resgatava a simplicidade do evangelho e mostrava serem os pobres sujeitos de sua própria libertação.
               O centro desta teologia não é Marx, mas sim Cristo, acontece que como teologia nascente da vida concreta do povo é plausível que se busque ferramentas analíticas nas ciências sociais como orientação de atuação prática.  O marxismo foi o instrumento que mostrou a pobreza como resultado de relações sociais injustas e que por isso só seria eliminada com a construção de um outro ordenamento econômico, mais humano e solidário. Não há nenhuma contradição nisso, o cristianismo das CEBs (Comunismo eclesiais de base) organizavam suas lutas a luz do Evangelho e não do O Capital. Condenar a TL por ser ela marxista é no mínimo um reducionismo estúpido ou de má fé.
             Mas a cúpula católica enxergava nesta nova forma de organização eclesial uma afronta a sua hierarquia e valores tradicionais. João Paulo II e agora o Papa bento XVI trabalharam duro para enfraquecer qualquer expressão de fé que lembrasse a teologia da libertação. Para tal excomungou, perseguiu e condenou bispos, padres e teólogos que trabalhassem com este olhar teológico, caso conhecido foi do ex-frei Franciscano Leonardo Boff, condenado ao silencio obsequioso por denunciar em livro a "opção preferencial pelos ricos", historicamente praticada pela igreja.
             Hoje, depois de tantos ataques, a teologia da libertação e as CEBs praticamente desapareceram, em seu lugar um tradicionalismo frio e arcaico do vaticano e a pirotecnia alienadora da Renovação carismática. Ambos tem a benção dos poderosos.



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