Por Adelson Vidal Alves
March Bloch certa vez escreveu:
“a história é a ciência do homem no tempo”. Já Fernand Braudel dizia que “O historiador nunca se
evade do tempo da história”. Homens como eles,
pensadores e cientistas da história, sabem muito bem que a temporalidade é algo
precioso na vida do historiador, e de quebra, no ensino da história.
No entanto, tal compreensão vem
faltando aos “especialistas” do MEC, que vem propondo uma reforma radical no
conteúdo do ensino de história, através
da Base nacional Comum Curricular (BNCC) que em sua essência, vai abolir a
noção de tempo histórico. Isto por que, com a desculpa de combater o eurocentrismo,
os reformadores se propõem a abolir o sistema clássico francês de divisão da
narrativa histórica (antiguidade, Idade média, Idade moderna e Idade
contemporânea). No lugar, entraria o estudo de culturas e “mundos” próprios de
alguns povos, sobreduto o dos “ameríndios” “africanos” e “afrobrasileiros”. O
aluno mergulharia em compreensões de realidades culturais cercadas por muralhas
étnicas, raciais e políticas. A história universal, moldada pelos feitos da
tradição greco-romana, da Renascença, do cristianismo da Idade Média, da
Reforma protestante, das revoluções liberais na Europa, simplesmente
desapareceria dos livros de História. No lugar, a total subserviência ao
multiculturalismo, sempre disposto a fragmentar.
Tamanho
absurdo recebeu críticas até mesmo do ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro.
Em Outubro, Janine fez suas primeiras críticas, citando a ausência do ensino da
Inconfidência Mineira, rebelião colonial que nos legou a figura de Tiradentes. Vejam
só! Teríamos um herói nacional, com feriado e tudo, sem sequer ser citado nos currículos
de história. Neste caso, faria todo o sentido um jovem questionar o feriado de 21
de abril, afinal “quem é Tiradentes?”.
Janine, que retardou a apresentação do BNCC de história, ainda, criticou o texto original que “ignorava quase por completo o que não fosse Brasil e África”. O ex ministro também alertou para o perigo de se “descambar para a ideologia”.
Enfim, o MEC se propõe a mutilar a História
mundial, ignorar a temporalidade como elemento de construção da identidade
histórica, e se concentrar nos estudos de realidades recortadas historicamente,
retirando dos alunos o direito de compreenderem a totalidade, os processos de
rupturas e permanências que construíram a história do mundo. Um verdadeiro
desastre.
Artigo muito bem escrito parabéns..mesmo amando a história afro e sabendo de sua significativa importância para compreensão de nossa sociedade. Entendo tmb que o.estudo que a temporalidade histórica nos propõem tão importante quanto.
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