Por Adelson Vidal Alves
Todo movimento social nasce de uma determinada demanda
social histórica. Quando esta demanda é atendida ele precisa se reinventar ou
simplesmente desaparecer, caso contrário, irá subsistir com discursos
anacrônicos e arcaicos. É o caso do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra) que nasceu em 1984, e depois de viver seu auge no final da década de 80
e toda a década de 90, vê hoje sua razão de existir desaparecer.
O Brasil em que aparece o MST era um país em transição
democrática, com a ebulição de uma sociedade civil que renascia com novos
atores sociais. Os trabalhadores do campo, que ficaram fora do pacto varguista
e foram pouco atendidos na modernização conservadora do regime militar,
apareciam no cenário com significativa força, organizando-se em torno de um
movimento que propunha a ocupação de terras improdutivas como forma de pressão
sobre os governos. A estratégia até que funcionou, de 1995 até hoje foram
assentadas cerca de 1.262.127 famílias. Sem
o MST, dificilmente isto teria acontecido.
O fato, porém, é que desde a criação do MST, o Brasil vem passando
por um profundo processo de urbanização e modernização de sua produção
agrícola. Neste período milhões de pessoas deixaram o campo e migraram para as
cidades, deixando suas terras para trás. Isso porque nosso país reconfigurou
seu perfil econômico, cultural e espacial. Não somos mais um país agrícola, há
tempos nos concentramos nos grandes centros urbanos. A reforma agrária, pensada
como democratização da terra, deixou de ser uma necessidade. A divisão das
terras já foi feita, e se seguirmos tal distribuição, estaríamos apenas
dando sobrevida as famílias beneficiadas com esta política pública, mas com o
tempo, seu destino será o de abandonar a terra e se destinar a cidade.
O problema da pobreza rural já não se resolve mais no campo.
Tivéssemos um governo inteligente, o INCRA e outros órgãos estatais
responsáveis pela reforma agrária estariam trabalhando pela regularização
fundiária dos assentamentos que deram certo, fornecendo condições técnicas e
financeiras para permanecerem de pé. Caberia ao governo, ainda, trabalhar na
reforma urbana, a fim de receber a população do campo que chega,
garantindo-lhes mecanismos de adaptação à vida urbana.
Mas o governo federal pensa como o MST, prefere sair
distribuindo terras às famílias pobres do campo mantendo-as no campo com
programas sociais assistencialistas. Uma opção burra e ineficiente.
Sob a atual situação do país, o MST não tem por que existir.
Se existe é porque vive a se amparar em outras bandeiras, como o uso do
agrotóxico nos alimentos. Além do mais, sustenta-se na ilusão dos camponeses
pobres, aproveitando dos seus sonhos para doutrinar e recrutar soldados para
uma causa inexistente. No fim, acabam como massa de manobra, votando no PT e
defendendo os interesses da cúpula do movimento.
O MST é hoje uma organização autoritária, inspirada no
marxismo-leninismo, cupulista e com financiamento duvidoso. Sua existência é
anacrônica, desnecessária e até prejudicial para o processo de amadurecimento
democrático do país. Passou a hora de darmos adeus ao MST.