quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Politizar 2012

Por Adelson Vidal Alves

            O ano de 2012 terá como centro da atenção política as eleições municipais. Mesmo que regido por uma mudança no cenário internacional, como a primavera árabe e a crise econômica euroamericana, as forças políticas nacionais se movimentarão de olho na corrida eleitoral, que por sua vez está diretamente alinhada com a bipolarização da luta pelo poder entre dois blocos políticos: um lado, liderado por PT/PMDB e o outro, pelo PSDB/DEM.
            Os dois aglomerados políticos consolidam o que Gramsci chamou de “pequena política”, ou seja, as conversas de corredores, os acordos de parlamento, que no fundo não discutem questões estruturais. Esta realidade faz com que a Política (com P maiúsculo) se submeta às regras concorrenciais do mercado eleitoral, que elegeram o marqueteiro como dirigente das plataformas políticas do candidato, e este, por sua vez, torna-se o produto a ser vendido aos consumidores (eleitores).
            Mais do que eleger candidatos com programas avançados, é dever dos setores progressistas criar um ambiente politizado, que implique uma cultura de debate sobre as principais demandas populares. A vaga na creche, o salários dos professores, o médico do posto de saúde, a infraestrutura, o problema da moradia, o funcionalismo público, estas questões devem ser levantadas e discutidas numa dialética permanente entre o candidato e o povo (seu eleitor).
            Nada de promessas genéricas do tipo “Vou melhorar a educação!”. Há de se questionar: “Como mudar? Com quem mudar? E, em que prazo mudar?” Deve-se questionar o programa político eleitoral.
            Politizar 2012 significa rejeitar o voto de cabresto, os favores concedidos, as dentaduras doadas e o jogo de camisas de futebol.
            Politizar significa encurralar os partidos e seus candidatos a apresentarem projetos consistentes, que mudem de fato a realidade social de forma duradoura.
            Politizar é exigir dos postulantes aos cargos eletivos os atributos mínimos de quem almeja representar o povo: ética com a coisa pública, sensibilidade para com os necessitados e a competência para gestão pública.
            Farão o possível para nos vender gato por lebre, mas a consciência individual poderá ser fundamental para que ano de 2013 tenhamos prefeituras e parlamentos servindo de fato ao povo, e não sendo simples empregados dos donos do poder.

Créditos:

Revisão textual: Regina Vilarinhos

3 comentários:

  1. Vai ser difícil demais, com a atual conjuntura municipal, politizar o debate. Quem tá no poder não é afeito a debate, muito menos político. E a oposição, ou não tem espaço (ou não o sabe usar) ou é igual ou pior que quem está no poder. Nos debates que vemos aqui na net, nenhum deles se coloca. Uma ou outra figura que se candidatará como vereador(a) ou prefeito, de uma maneira populista, ainda tenta montar movimentos e tais, mas sempre de maneira artificial. Será um ano duro. Com a crise mundial, divida interna gigante, poucos investimentos em educação, saúde... é bom que os poucos que ainda dão conta politizem mesmo o debate ou a coisa vai ficar feia em VR. A campanha já tá na net comendo solta. Enquanto isso a população...

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  2. Grande parte do problema é cultural. Hoje com tanta tecnologia, tanto meio de trocar informação e interagir uns com os outros e tão pouco é feito para se discutir sobre política e problemas sociais. O povo brasileiro tem um potencial muito grande, mesmo a tanta podridão política ainda conseguimos ter um bom país, imagina se o povo fosse politizado... o Brasil viraria potência mundial.

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  3. A parte cultura de formação da sociedade é principal fator,mas o cidadão é livre de escolhas e de pensamentos,então fica a cargo do mesmo se deve ou não participar de projetos mesquinhos.....

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