Porque o PT teme Marina Silva

Por Adelson Vidal Alves

Em Dezembro de 2012, o Instituto Datafolha publicou pesquisa sobre as eleições presidenciais de 2014. O distanciamento do pleito, assim como as esperadas mudanças no dinâmico processo político, não nos autoriza a fechar prognósticos sólidos. Orienta-nos, porém, a tirar pequenas conclusões preliminares.

Os números colocam tanto Dilma como Lula acima dos 50% das intenções de votos. O que daria uma vitória até certo ponto tranquila ao PT. A oposição tucana se apresentou tímida, tanto com Serra como com Aécio, que oscilaram entre 1% e 3% das intenções de votos. Ficou com a Marina a grande surpresa da pesquisa. Ainda que sem partido, ou mesmo algum espaço que possa ter dado a ela certa visibilidade nos últimos anos, a ex-ministra do Meio ambiente de Lula apareceu com um nome consolidado entre parte significativa do eleitorado. Ela fica em segundo lugar com 13% dos votos.

Marina Silva é um grande problema para a vida do PT. Oriunda do partido, e com grande entrada no eleitorado petista, a possível presidenciável não dá margens para a tão sonhada polarização na disputa presidencial, que pudesse criar um discurso comparativo entre o “antes” e o “depois” da política petista no governo.

A ex-seringueira tem um passado de lutas populares, carisma e conta com a simpatia dos setores ambientalistas. Obtém ainda carinho daqueles que se desiludiram com o PT, mas se negam a migrar para ninhos tucanos. Marina chegou a ser identificada como “verdadeira herdeira de Lula” por nada mais nada menos que o teólogo Leonardo Boff, intelectual conhecido por sua ligação histórica com o Partido dos Trabalhadores.

Marina Silva precisa se decidir imediatamente por um partido, articular uma aliança plural no campo das oposições, apresentar um programa amplo, que contemple questões ambientais, da política econômica e do combate a corrupção.

Deve se aproximar dos movimentos populares, abrir diálogo com a intelectualidade e assim criar uma identidade que seja capaz de enfrentar, de forma qualificada, o lulopetismo dominante.

Por suas origens, carisma e credibilidade ética, a mulher sofrida que venceu os obstáculos da vida, formou-se em um curso superior, ingressou na vida parlamentar, vindo chegar a ministra, tem tudo para se apresentar como uma real alternativa política para 2014.

O ambiente está todo favorável a sua candidatura. E como veio do seio do partido do governo, sendo ativa colaboradora do mesmo, a estratégia da polarização não vai funcionar. Caberá ao governo ter que se adentrar a um debate mais politizado. Está aí sua maior fraqueza.