
Com a sentença do tribunal,
coube aos “redistas” tomar uma decisão rápida sobre seu futuro e o de sua
estrela maior, a ex-senadora Marina Silva. Decidiu-se pelo ingresso de Marina ao
PSB de Eduardo Campos. A REDE e os socialistas têm muito em comum, mas também
enormes diferenças, motivo pelo qual vão manter encontros permanentes que
ajustem a “aliança programática” entre os aliados. Aguardamos a publicação dos
primeiros pontos comuns do programa que poderá ser apresentado na eleição
presidencial de 2014. Enquanto isso não acontece, buscaremos pistas nas
movimentações de Campos e Marina na procura de alianças, assim como suas
declarações públicas, para podermos tentar apostar num futuro perfil da dupla
no próximo pleito majoritário.
Marina tem aparecido bem mais
que Campos, e preocupantemente, apresentando um discurso nada renovador. Depois
de rasgar sedas ao agronegócio, afirmou a necessidade de manter o tripé econômico
neoliberal (meta de inflação, superavit fiscal e
câmbio flutuante). Não deveria ser surpresa, já que Marina tem como guru
o economista Eduardo Gianetti, conhecido por suas posições a favor do livre
mercado.
A candidatura Campos/Marina precisa
ir além, se quiser de fato firmar-se como uma terceira via eleitoral. Precisa
distanciar-se do modelo econômico que caracterizou as gestões tucanas e
petistas. Ainda que com acertos, ele serviu como acumulador de capital ao
sistema financeiro, desindustrialização e endividamento público. É preciso
pensar uma nova política de Estado voltada para o social e o meio ambiente. É
estranho que neste momento é Aécio Neves que toma as posturas mais firmes em
defesa de um Estado pró-ativo. Marina e Campos parecem estar seduzidos pelo
canto do neoliberalismo, e com isso procura, erroneamente, disputar as bases
conservadoras do atual bloco no poder.
Há um vácuo político a espera
de uma alternativa à crise que se abate na política nacional, com a redução da
mesma a questões corriqueiras, sem preocupação com demandas estruturais. Marina
Silva apareceu como porta voz do sonho de refazer a administração pública a
favor de valores nobres, como ética, gestão eficiente e compromisso ecológico.
Se conseguir viabilizar um projeto a favor destas causas, sairá vitoriosa,
mesmo que perca as eleições. Mas se o vale-tudo eleitoral a empurrar para conversões
conservadoras, veremos consumada a velha tese de que o poder muda as pessoas,
antes mesmo quando se têm ele em suas mãos.
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