Por Adelson Vidal Alves

A decisão veio na contramão da
opinião pública, e entra em choque com o espírito que levou milhões de pessoas
ás ruas no mês de Junho, indignadas com a impunidade e a corrupção. Ainda que caibam
debates no campo jurídico, o STF prestou indiscutível desserviço pedagógico, ao
fortalecer a cultura de que, no Brasil, criminosos de colarinho branco não vão para
a cadeia. Não só o Tribunal sai desmoralizado, mas a própria democracia republicana
é colocada em xeque, e a confiança nas instituições fica ainda menor.
Mas em meio a isso tudo há quem
comemore a decisão do STF. São petistas e simpatizantes do governo, que teimam
advogar a bisonha tese de que o mensalão é tão somente invenção da “mídia
golpista”. Para além dos traumas que tal decisão possa trazer a nação e a
democracia brasileira, os petistas e seus pares deveriam refletir melhor sobre
as conseqüências eleitorais que os caminhos da AP 470 podem trazer ao atual
bloco no poder. Seria melhor para Dilma e o PT que o julgamento se encerrasse
de vez, e deixasse o tempo minimizar os estragos morais que poderiam atingir o
partido. Com o acontecimento, estende-se um tema que pode voltar à tona
exatamente nas eleições de 2014. É possível que novas jornadas de Junho apareçam,
e a sociedade se sinta provocada. E quem mais perde com isso? O PT.
O Planalto ainda precisa
conviver com a debandada de alguns aliados e pressão de outros. O PMDB ameaça
deixar o governo, e passa a cobrar mais espaços na possível reforma ministerial
de Dezembro. O PSB já entregou seus cargos ao Planalto, deu o primeiro passo
para a candidatura própria de Eduardo Campos, e pior, sai em rota de colisão
com o PT. Os socialistas já pediram a seus antigos aliados que também deixem os
governos estaduais governados por seu partido. Dilma perde um aliado de peso,
um partido que cresce eleitoralmente, e que dava sustentação ao governo pela
esquerda, tendo uma história respeitável como força política do socialismo
democrático.
O governo ainda responde por
denúncias de corrupção no Ministério do trabalho, sofre com o fracasso da
política econômica, a volta da inflação, o fantasma do desemprego e os baixos
níveis de crescimento econômico.
Definitivamente nada a
comemorar. O partido que até pouco tempo dava como certa sua reeleição em
primeiro turno, começa a ter que lidar com problemas sérios, que mal resolvidos
podem custar seu posto maior no Estado brasileiro.
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